CAFÉ LITERÁRIO COM HERBERT DE JESUS SANTOS
Acometido de uma fadiga do mau estar, ressacando-me de uma doença não curada, provindo do leito das mídia imperialista e anticapitalista. Fui a feira do Livro, mas pensando no mercantilismo da venda de livros e editoras. Enganei-me. E comprei Livros, sim, enfim? Após a missão de educador, levei meus alunos EJA Noturno a 5ª Feira do Livro. Debrucei-me sobre o livreto do programa e das inúmeras programações que participei, Dei de cara com Herbert Santos, no Café literário :
Movimentos literários em São Luís no Século XX e planos editoriais – Com Herbert santos. Foi neste 03 de dezembro/2011, (sábado).
Herbert é liceísta, comunista e poeta como eu, que sou um simples palavrador de Ribamar, com mais de 30 anos de poesias escondidas, sabedor de que esta semente será regada no e ao seu tempo. A poesia e conto sempre me deram prazer. Porém escutar Herbert foi prazeroso e fortificante, suas palavras ecoaram nas minhas veias literárias e no ocultismo das minhas poesias e contos.
“ O poente está a sua frente- pegue-o”
Herbert de Jesus Santos é um dos maiores defensores das tradições da cultura e inteligência maranhenses. Seu espírito de luta e poesias vem da adolescência, no clube de jovens da Madre Deus (onde nasceu), no maior movimento sociocultural de São Luís, com benefício àquele bairro,sem precedência e sucessão, no auge da ditadura militar, até a remoção dos praianos para o Anjo da Guarda, com o surgimento da Barragem do Bacanga:na casa de seus padrinhos, na rua do Apicum, sem esquecer suas raízes; nas leituras do liceu;e nos debates na sua turma de comunicação Social da UFMA (jornalismo,Relações Públicas e Desenho). Jornalista profissional e escritor (poeta, cronista, novelista e contista), é colunista do JP Turismo (suplemento do Jornal Pequeno) e membro do instituto Histórico e geográfico do maranhão (IHGM).
Obras publicadas:
Uma canção para a Madre de Deus (poesia), os premiadosem concursos literário Um Dedo de Prosa e Bazar São Luís (crônicas)e quase todas da pá virada (contos), Inéditas: assim está escrito (cartilha ortográfica), Antes que Derrame a lua Cheia (crônicas), Serventia e os Outros da patota (contos), A segunda Chance de Eurides (Novela), A Terceira Via (novela), Hábitos de Luz (poesia), Peru na Missa do Galo (contos de Natal),e muitas outras ...
Professor Josivaldo recendo das mãos do autor a obra “São Luís em PreAmar: Ainda Assim, há um Azul!”
Veja por outros : blog Carlo Alberto LIMA COELHO.
Herbert de Jesus Santos publica
Apelo do poeta Herbert de Jesus Santos
31 de julho de 2011 às 10:59
(Às almas de boa cepa da sua terra)
Havia um ditado muito corrente, no meado da década de 1970, em São Luís, dando como favas contadas que “O pior inimigo de um maranhense é outro maranhense”! Começando a escrever, na Imprensa, logo me apressei a atenuar a bordoada do dito cujo, com “O pior inimigo de um maranhense (bem bom) é outro maranhense (bem mau)”!, e justifiquei minha intervenção com o testemunho presencial de que o perverso tinha um extenso repertório: ruim, ordinário, nocivo, funesto, contrário à virtude, à razão e à justiça, inábil, incapaz; era malíssimo ou péssimo, no superlativo, piorando em que “Aves da mesma plumagem sempre voam juntas”.
Era malhar em ferro frio, ou uma cacetada no cravo, outro na ferradura, pois só não eram mato, na seara da cultura (alma) maranhense, exemplos de nativismo e colaboração mútua para uma boa causa. Na outra ponta, era mais fácil a solidariedade aos forasteiros e nas ações dos coiteiros para as bandalheiras, falando o português claro, contra o bem-comum. Claro que sempre acolhemos indivíduos que chegaram para melhorar, inclusive, a boa-vizinhança e discernimento da nossa terra, e, em cima da bucha, eu iniciava a lista com o poeta e cronista José Chagas, paraibano de boa cepa, que, de, de tanto ser chamado e chamar os outros de Figura, em São Luís, ficou muito mais Chagas que José, e um dos consolidadores do termo maranhensidade, entre nós. Há muitos outros brasileiros que vieram para fortalecer o nosso humanismo, no magistério e no jornalismo, etc., e os que chegaram sob encomenda para desmantelar de vez o gerenciamento público, colocando nosso berço extremado à zombaria do Brasil na pecha de mais pobre, analfabeto, doente e atrasado da Federação, com perseguição das autoridades aos contestadores do modelo fajuto, vingativo, traiçoeiro e falido.
A praga continua mais viva do que nunca. Porque, por questão de honra e princípio, não participo de igrejinha, o bicho pegou para o meu lado, quando precisei viabilizar passagens aéreas e manutenção de uma filha minha em São Paulo, para ela receber a Premiação de Campeã do Concurso Nacional de Monografia de Relações Púbicas (promovido pela Universidade de São Paulo-USP), e ela concorreu com sua monografia de graduação do Curso de Comunicação Social da Ufma. Um meu amigo secretário de Estado falou com seu colega, e nada! Pasmem que este foi o mesmo que abriu a burra, logo depois, para 60 bilhetes aéreos ao Canadá para um grupo manjado, que não é sequer original e folclórico, além de empanturrar-se na gulodice insaciável com o que deveria servir melhor ao povo. Se não fossem a Ufma e meus colegas de serviço público (eu me achava, então, na Secretaria da Justiça (Sejus), que se cotizaram com uma certa quantia), a minha filha não representaria a Cultura e a Inteligência Maranhense, na maior Universidade do Brasil, após ser vitoriosa num certame intelectual. Agora, estou precisando voar para Brasília (DF), onde, no dia 10 de agosto, lançarei seis livros meus (de prosa e poesia) mais recentes, na Livraria Cultura, e estou com dificuldade em adquirir passagens, para, de alguma forma, representar a nossa literatura. Além de bater com a cara na porta, ouvindo não, uns amigos, que eram da onça, nunca mais retornaram a dar o ar da sua graça sobre a minha solicitação para eles. Tenho dinheiro de trabalhos efetuados para receber, até de órgão, passado mais de ano, apesar da minha insistência, sob a alegação de falta de repasse, mesmo em se sabendo que é uma cultura (idiota e nociva) pôr a arte literária no rabo da fila da cultura, em troca do “pão e circo” e da arena dos gladiadores contra irracionais. Só seremos maiores e respeitados com a cultura (literária) em primeiro plano, quanto no Primeiro-Mundo. O resto é só conversa pra boi dormir, quando não, pôr o carro na frente dos bois.
Quem estiver em condição de ajudar a literatura nativa, estou com o coração receptivo e apreensivo, para não frustrar a expectativa de conterrâneos radicados, entre amigos, parentes, jornalistas e escritores, e os poetas e prosadores, meios de comunicação e entidades artísticas brasilienses já convidados para prestigiarem a minha noite de autógrafos. Receberei de bom grado a moção de apoio. Até para não deixar correr o ferrão de “O pior inimigo de um maranhense (bem bom) é outro maranhense (bem mau)!”
Alfarrábios de um escritor inspirado na cultura do povo
Manoel Santos Neto – Jornal Pequeno.
Herbert de Jesus Santos não é mais aquele menino pobre, criado numa família humilde dos subúrbios de São Luís, que acabou se tornando escritor e chegou a sonhar com a Academia. Hoje, autor de 10 livros publicados, ele é um sessentão, homem maduro, calejado de tantas lides, que agora busca – sempre irrequieto – ser um intérprete cada vez mais fiel dos genuínos valores da cultura e do cotidiano de seu povo.
Encantado pela magia do carnaval e do bumba-meu-boi, entre tantas outras manifestações populares, Herbert Santos já lutou muito, comprou brigas com muita gente, mas hoje admite que está mais quieto. Inspirado em raízes populares muito fortes, ele reafirma consigo mesmo o compromisso de ser um intelectual cada vez mais próximo dos anseios de sua gente.
“Com a graça de Deus, quero continuar na luta. Meu sonho é prosseguir no ofício, buscando escrever cada vez mais, aumentando a minha produção literária que, até hoje, me rendeu algumas perseguições, mas também me premiou com boas e grandes amizades”, afirma o poeta.
Filho de Doralina Esmeralda de Jesus Santos (Dona Dora), operária da Fabril (fábrica de tecelagem) e do pescador Felipe Nery dos Santos, chamado de Filipão, Herbert de Jesus Santos nasceu em São Luís, na Madre Deus, a 7 de agosto de 1950.
Ele gosta de dizer que foi “desasnado” em sua própria comunidade, pela professora normalista, Dona França, que ensinava particular a cartilha de ABC, em sua residência, na escadaria da Rampa Manoel Nina. “Não me apaixonei pela minha primeira mestra, mas, como sempre ficamos próximos, ela sempre sabia dos meus sucessos nos estudos”! – lembrou.
Nesses contatos, Dona França o incentivava muito a prosseguir no ensino, até quando saíram da Madre de Deus, por causa da construção da Barragem do Bacanga, em 1970, quando muitos removidos foram para o Anjo da Guarda e outros, com a pequena indenização do Governo do Estado, compraram casas no Lira e em outros bairros do entorno da sua comunidade original.
“Eu já casado, em 1982, residi no Codozinho, perto de Dona França. Tempos depois, com livros publicados, por meio de prêmios literários, disse que um dia eu a convidaria para a minha posse na Academia Maranhense de Letras, sem saber ali que há outros interesses da AML em jogo. Ela procurava, amiúde, pela Academia, em nossos encontros, até no ano passado (2009) quando eu, morando no Cohafuma, soube do seu falecimento, aos 79 anos, dito por seu filho, o popular Mesquita do Lira”.
Desde pequenino, Herbert encantou-se pelas manifestações da cultura popular maranhense. Começou por ter sua “maternidade” (casa) atrás da Capela original de São Pedro, cuja primeira zeladora foi sua avó paterna, a beata Marcelina Cirila dos Santos – Dona Marcela. Na frente da capela, assistia às apresentações dos bumba-bois, que louvavam o padroeiro dos pescadores, no amanhecer de 29 de junho, no largo, com leilão de prendas e procissões marítima e terrestre.
Sob o ruído das matracas – “Eu guardava numa caixa de papelão miçangas e canutilhos, caídos das roupas dos brincantes e do couro dos mimosos, como se fossem brilhantes. Acho que daí fiquei vidrado nas brincadeiras, em que o Boi (de matraca) da Madre de Deus é especial, até por causa de meus avós maternos no primeiro batalhão, no fim do século 19”.
Aprendeu a gostar bem cedo, igualmente, das escolas de samba, em primeiro lugar da Turma do Quinto, em que brincavam seus tios e primos mais velhos, e Filipão foi diretor de batucada (hoje, bateria). Foi por causa deles, falecidos, que ajudou o seu primo João Batista dos Santos, em 2000, a levantar o prestígio da Turma do Quinto.
“Lutei e lutei pela Turma do Quinto, O Boi e A Festa de São Pedro” – acrescenta Herbert – “que Bulcão e Godão, donos do Bicho Terra e Boizinho Barrica, pretenderam acabar, por já mandarem na Secretaria Estadual da Cultura. Antes, eu já havia, com auxílio do então deputado Expedito Moraes, realizado a primeira restauração da sede da tradicional agremiação carnavalesca, em 1993. Mas não acabaram a Turma do Quinto, como tencionaram”.
Em 1957, Herbert foi morar com seus padrinhos (Francisco Galvão dos Santos, o Chiquito, e Aldenora, Dedé), na Rua do Apicum. Fez uma reciclagem com aulas particulares do professor Edson Garcia, irmão do radialista Edy Garcia, antes de estudar o primário na Escola Modelo Benedito Leite e passar no exame de admissão ao Liceu Maranhense (muito concorrido), em 1962, onde concluiu o Científico em 1968.
Neste ínterim, aos 17 anos, forjou com aço sua personalidade coletivista, no Clube de Jovens da Madre de Deus, com atividades solidárias e de conscientização comunitária, qual a de alfabetizar adolescentes e adultos pelo Método Paulo Freire.
“Era o auge da ditadura militar, quando soubemos da prisão, pelo Exército, de muitos maranhenses contra o golpe na democracia, entre os quais os médicos e idealistas Maria Aragão e William Moreira Lima, tempo e espaço, aliás, em que ambientei a minha novela A Segunda Chance de Eurides” – assinalou.
Idealismo da juventude – O Clube de Jovens da Madre de Deus ajudou os moradores (praianos) até nos contatos com as autoridades governamentais para a remoção ao Anjo da Guarda. “Dentre os clubistas, havia o idealismo dos noivos, hoje, médicos e casados, Raimundo Teodoro de Carvalho (Raimundinho) e Lúcia Bulcão da Silva, sua irmã Maria Cecília Bulcão da Silva (Zoca), Gracinha Ferreira Silva, Raimundo João Silva, eu e a minha namorada, Léia Sousa Pimenta, então professora e acadêmica de Economia da UFMA!” – recordou.
Acompanhou sua mãe e irmãos ao Anjo da Guarda, em março de 1970, sem deixar os laços com a Rua do Apicum, onde o velho Erasmo Dias, jornalista e escritor de mão-cheia, exercia influência em moços, jornalistas e poetas, sobretudo. “Há muito dessa época, no Peru na Missa do Galo (Contos de Natal), que conseguiu publicar em dezembro de 2009” – assinalou.
O livro Peru na Missa do Galo reúne 11 contos com a temática da Data Magna da Cristandade, contemplando a cultura natalina como ela é feita, aqui, em termos de canto e dança de pastoral e reisado, culinária, congraçamento das pessoas, esperança de dias mais bonançosos para a coletividade. “Neste ponto, evidencia-se muito a experiência de um ludovicense da gema, em textos construídos em alicerces da maranhensidade genuína, no nosso ser e estar no universo, com romances, xodós e reencontros de amantes, entre episódios hilários e sisudos”, ressaltou.
“É tudo ficção, com personagens tiradas do nosso chão, aproveitamento da nossa paisagem e de personalidades minhas conhecidas, literárias e comunitárias”, explicou. Revelou que este título só não foi publicado há muito tempo, pois, submetido ao Concurso Literário Cidade de São Luís da Func, o júri o desclassificou, com o argumento de um tal, escrito no meu original, de que o Cartório de Eloy Coelho Neto era só de títulos, e eu coloquei a Zona do Baixo Meretrício para tirar a certidão de nascimento de um Jesus achado por popular numa noite de véspera de Natal.
Enfatizou: “Sendo ficcional, eu poderia usar o cartório ao meu bel-prazer; outro, considerou o livro parecido com coleção de contos russos, talvez por eu falar nos mestres da literatura como Tolstoi; outro, por eu evidenciar passagens sobrenaturais, quanto milagres de Natal, Estrela do Oriente etc. Não leu o conto de Natal de Erasmo Dias (O Ajuntador de Papel), a novela O Banquete (de Ubiratan Teixeira) e aula do poeta José Chagas sobre o tema, no opúsculo Versos de Natal.
Peru na Missa do Galo, com 148 páginas, traz a marca editorial da Lithograf, ilustrações de Wilson Caju, também incursiona no tempo da adolescência do autor, estudante do Liceu, ativista do Clube de Jovens da Madre de Deus, na ditadura militar, sua estada na Rua do Apicum, ida para o Anjo da Guarda, festeiro na Liberdade, Monte Castelo, Lira, Camboa etc.
Os tempos do Sioge e as jornadas nas Redações
Em 1972, Herbert de Jesus Santos tornou-se evasor do Curso de Direito da UFMA, onde fora aprovado em 1971. Em dezembro de 1975, empregou-se no Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge), através de pedido do poeta José Chagas ao diretor do órgão, escritor Jomar Moraes. No setor de Revisão do Sioge, ampliou seus conhecimentos gerais e criou uma fama profissional entre os literatos editados pela Casa. Em 1976, em novo vestibular, ingressou no Curso de Comunicação (Jornalismo) da UFMA, onde se formou em 1980. Em 1976, casou com a professora ribamarense Marilda Alice Cardoso, com quem teve três filhas (Amarílis, Alessandra e Amanda), sempre em São Luís.Viúvo, sua atual companheira é a pedagoga ribamarense Maria Gorete Protázio, com quem tem uma filha (Mariana).
Iniciou sua carreira de jornalista profissional em O Imparcial; depois, O Estado do Maranhão, O Debate, Jornal de Hoje e no Diário do Norte indo de revisor, repórter, secretário de Redação a chefe de Reportagem e editor-geral. Atualmente, é colunista do JP Turismo, suplemento do Jornal Pequeno, sendo, desde 1995, titular da coluna “Sotaque da Ilha”, e colaborador no jornal Extra. Em 1992 ingressou no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM). Sua estreia literária se deu com uma Canção Para a Madre de Deus (poesia, em 1984); daí são mais nove títulos, alguns prêmios em concursos literários e jornalísticos: Um Dedo de Prosa (crônicas); Bazar São Luís: Artigos Para Presente e Futuro (crônicas); Quase Todos da Pá Virada (contos); São Luís em PreAmar: Ainda Assim, há um Azul! (poesia); A Segunda Chance de Eurides (novela); Serventia e os Outros da Patota (contos); Ofício de São Luís: Bernardo Coelho de Almeida (Coração em Verso e Prosa); Peru na Missa do Galo (contos de Natal); e Antes que Derramem a Lua Cheia (crônicas). Tem seis livros inéditos e outros em andamento, em todos os gêneros, com exceção de teatro.
No seu entendimento, com a extinção do Sioge, a cultura literária maranhense sofreu um duro golpe, no surgimento de novos valores e consolidação dos celebrizados. “Era, sem dúvida alguma, o ponto da cultura maranhense mais respeitado pela intelectualidade brasileira, com seu jornal literário Vagalume (editado pelo escritor Alberico Carneiro), campeão diversas vezes, nacionalmente, dentre seus congêneres; concursos literários e publicações constantes; coral e teatro de servidores. Foi realmente uma grande perda para o Maranhão o fim do Sioge!” – assegurou. Quando recorda dos tempos do Sioge – com uma ponta de tristeza e nostalgia –, Herbert gosta de exaltar três figuras emblemáticas: os gráficos Roberto Nascimento ( saudoso), Newton Luís de Jesus e Mário Amorim, ambos ainda vivos, tipógrafos de grande experiência profissional, que deixaram suas marcas na história do velho Sioge. Herbert acrescenta aqui o nome do escritor Jomar Moraes, grande editor de livros, com quem ele reconhece que muito aprendeu.
“Não é para todos o privilégio de publicar livros, aqui, onde a literatura foi mais prestigiada, quando havia, pelo menos, oito concursos literários, até na década retrasada, estimulando o surgimento de novos talentos e consolidação de nomes consagrados”, assinalou.
“Estou falando, também, como revisor literário no áureo tempo do Sioge, que foi o ponto de nossa inteligência e cultura mais respeitado pela intelectualidade brasileira, por causa de seu jornal (suplemento), inserto no Diário Oficial, seus concursos literários, coral e teatro de servidores etc.”, acrescentou. Revelou: “ Por defender o Siorge, em jornais, sofri perseguição no serviço público estadual, até hoje, a um passo de aposentadoria”
Ideário de um sessentão que sonhou chegar à Academia
Em agosto de 2010, o jornalista e escritor Herbert de Jesus Santos lançou, em noite de autógrafos muito concorrida, seu terceiro livro de crônicas, Antes que Derramem a Lua Cheia, e o décimo da sua carreira, em que já se inclui uma bibliografia de dez títulos, dentre prosa e poesia, além de prêmios jornalísticos e literários.
O sarau das letras maranhenses aconteceu na frente do Bar e Restaurante Skina, do Hotel Central, na aprazível Praça Benedito Leite, prestigiado por jornalistas, gráficos, escritores, familiares e amigos do autor que, na ocasião, falou da necessidade de uma política mais abrangente para a literatura, como a que se deu no tempo do extinto Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge), segundo ele, “o último ponto da cultura e inteligência maranhenses respeitado pela intelectualidade brasileira, até 1993.”
O lançamento de Antes que Derramem a Lua Cheia fez parte das comemorações da passagem do 60º aniversário natalício de Herbert, o poeta da Madre Deus – confessa que gosta de ler as crônicas de Cunha Santos Filho, José Chagas e Ubiratan Teixeira e, até por dever de ofício (como revisor profissional), costuma ler a poesia de Luís Augusto Cassas.
Entre os grandes nomes da literatura do Maranhão, além de Sousândrade, Herbert destaca Gonçalves Dias, Josué Montello, Nauro Machado, Ferreira Gullar e Erasmo Dias. Ele faz questão de salientar também João Mohana, como um dos maiores escritores maranhenses; e entre os escritores nacionais, que também lê (além do romancista Machado de Assis) os cronistas Fernando Sabino e Rubem Braga e os poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Mário Quintana.
Graduado em Comunicação Social, Herbert Santos, o poeta que vive num meio onde a maioria das pessoas mal tem dinheiro para pagar as contas do fim do mês, orgulha-se da vida modesta que leva. Com a sua poesia, seus livros e suas crônicas, não ficou lugar para a dúvida: o escritor da Madre Deus é um artista popular com um faro e uma competência indiscutível para a crítica social. “Sinto-me honrado de poder lutar para construir uma carreira literária e jornalística com toda dignidade possível, procurando fazer tudo com o maior respeito possível, para merecer o respeito dos meus conterrâneos”, assinala ele.
Já por quatro vezes, Herbert Santos lançou-se candidato a uma cadeira na Academia Maranhense de Letras. E por quatro vezes perdeu as eleições. Na última investida, em 2009, quando tentou ocupar a vaga deixada pelo poeta Nascimento Morais Filho, obteve apenas três votos. O vencedor foi o deputado estadual Joaquim Haickel.
“A Academia Maranhense de Letras merece valer a pena. Deve, como instituição, se voltar para a melhoria das condições de vida do nosso povo”, afirma o poeta. Mas, se a Academia negou-lhe uma cadeira, o escritor de Uma Canção Para a Madre de Deus sente-se honrado, quando reconhecido como o grande poeta popular, que também é capaz de transformar idéias e delírios em tema sólido da arte do povoléu, quando compõe sambas enredos para o Carnaval – como tantas vezes já fizera e pretende continuar fazendo.
FONTE: www.guesaerrante.com.br/2010/10/25/Pagina1248.htm