sábado, 28 de abril de 2012

OLHO VIVO. UM FILTRO DA MELHOR NOTICIA E OPINIÃO.

O volume de dados disponíveis ao ser humano é praticamente ilimitado. Na Internet, sobretudo, somos bombardeados por informações, o que pode confundir nossa capacidade de interpretação.


Assim, o portal do PCB lançou a seção Olho Vivo. Divulgamos notícias e opiniões pinçadas desse grande universo virtual e de outras fontes que não expressem necessariamente a opinião do PCB sobre os assuntos tratados.

Temos certeza de que a leitura do Olho Vivo contribuirá na análise da conjuntura e no conhecimento da realidade concreta.

Se você leu na imprensa ou em outras mídias e fontes uma notícia que acredita ser importante, ou tem acesso a bancos de dados que ajudem na interpretação de fatos, colabore conosco: envie sua sugestão de publicação para o e-mail olhovivo.pcb@gmail.com.



Acessem:

http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3926:morte-de-trabalhadores-rurais-cresce-50-nos-primeiros-meses-do-ano&catid=119:olhovivo

sexta-feira, 27 de abril de 2012


A Marcha Patriótica transbordou



24 de abril de 2012 | 07:04 AM. | Noticias
Por: Rodrigo López Oviedo                          
Não sei quantas pessoas cabem na Plaza de Bolívar de Bogotá e, tampouco, quantas vezes ela foi totalmente ocupada. Acredito que devem ter sido muito poucas e nenhuma comparável à multidão e ao entusiasmo presentes em 23 de abril passado. Os organizadores da Marcha Patriótica pela Segunda Independência tinham previsto a participação de umas 80 mil pessoas e, para isso, prepararam três colunas, que partiriam de três lugares distintos da cidade. Porém, apenas com uma das colunas foi suficiente lotar a Plaza. Quando os outros dois grupos quiseram entrar no local, se depararam com uma praça completamente lotada pelos primeiros marchantes. É a comprovação do tamanho do êxito alcançado no lançamento deste movimento social e político!

A Marcha Patriótica é a mais ampla confluência de organizações que veem com vergonha a prostração de nosso país aos ditames do império e aos extremos desequilíbrios formados como consequência de políticas que só visam os interesses oligárquicos. Assim, todo o entusiasmo mencionado é uma evidência clara das imensas forças que lutam para encontrar soluções para tão grave problemática, ainda que haja o custo de sofrer a experiência de tantos lutadores, sacrificando sua liberdade e até sua vida, para alcançar transformações que façam a vida mais justa e amável para todos os colombianos.

Por isso, não temos dúvidas em qualificar como exitosa sua realização, como satisfatória a conformação de seu organismo de direção, o Conselho Patriótico Nacional. O Governo nacional deve ver nisto uma notificação de repúdio por sua política de favorecimento às transnacionais. São elas as maiores beneficiadas pelas “locomotoras” do plano de desenvolvimento. São os empresários da guerra, que lucram com os multimilionários orçamentos de defesa. São os setores financeiros, que mais se beneficiam com o estado de coisas vigente.

Porém, também devem sentir-se aludidos aqueles setores de esquerda que parecem ver reduzido todo seu compromisso político às urnas. Os 120 mil colombianos que estiveram na Plaza de Bolívar, somados aos quatro mil delegados que, em representação de mais de 2000 organizações de massas, assinaram a declaração final, dizem a tais dirigentes que estes vacilam entre ser e não ser revolucionários. Afirmam a existência de processos que se dão, inclusive, contra o querer de seus líderes. O melhor é animar tais processos com entusiasmo antes que os mesmos se voltem contra eles. Essa participação entusiasta é a melhor maneira de nos aproximarmos do grande sonho do Libertador Simón Bolívar: alcançar o maior grau de felicidade para nosso povo!

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)


Movimento Político Marcha Patriótica

Declaração Política.

1 – Com convicção e firmeza, partindo dos mais distantes pontos da geografia nacional, confluiu para a cidade de Bogotá a Marcha da Esperança, da Alegria, da Dignidade. Desde as montanhas, planícies, serras e encostas, recebemos mais de 1700 organizações e, com espírito deliberativo e construtivo, hoje avançamos um passo a mais na edificação da Segunda e Definitiva Independência. Na mais profunda fraternidade e solidariedade dos povos que lutam por soberania e autodeterminação, delegados e delegadas da América Latina, Europa, Austrália e América do Norte têm acompanhado solidariamente a realização do Conselho Patriótico Nacional que declara, de maneira decidida:

2 – Anunciamos às pessoas  e ao povo colombiano em geral, assim como à comunidade internacional, que, durante os dias 21 e 22 de abril de 2012, encontramo-nos para constituir o Movimento Político e Social Marcha Patriótica, com o propósito de contribuir com a mudança política requerida nosso país, superando a hegemonia imposta pelas classes dominantes, de avançar na construção de um projeto alternativo de sociedade e obter a segunda e definitiva independência. Precisamente nos momentos em que o capitalismo se encontra em uma de suas maiores crises, mostrando seus limites históricos cada vez mais evidentes.

3 – A Marcha é o local de encontro de múltiplos processos de organização, resistência e luta que decidiram fazer seu o exercício da política e aspira a ser uma expressão organizada do movimento real das resistências e lutas das pessoas comuns e dos setores sociais e populares que, quotidianamente, em todos os rincões do país, e, em que pese as adversidades,  atuam, de forma heroica, por uma pátria grande, digna e soberana.

4 – Em que pese o fato do governo de Santos ter se empenhado em aparecer como renovador e modernizante, na Marcha consideramos que isto representa uma continuidade do projeto hegemônico e de tentativas de rearranjos do bloco de poder, precisamente para garantir esta continuidade. Sem deixar de perceber conflitos e diferenças entre as facções que conformam tal bloco, promovidos por setores mais belicosos e ultradireitistas, ligados ao narcoparamilitarismo, não se aprecia – para além da retórica – o surgimento de novas condições que permitam afirmar que se está a caminho de superar as estruturas autoritárias, criminosas, mafiosas e corruptas que caracterizam o regime político colombiano. Tendências recentes dos acontecimentos legislativos em diversos campos parecem reforçar ainda mais o manto de impunidade que prevaleceu no país, buscam institucionalizar o exercício da violência contra a população, ao  mesmo tempo pretendem perseguir e criminalizar os protestos e a mobilização social.

5- O governo de Santos aprofundou o processo de neoliberalização da economia e da sociedade, iniciado há mais de duas décadas. Este continuísmo favorece essencialmente o capital financeiro transnacional e os grandes grupos econômicos que, pensando exclusivamente em seu afã de lucro, impuseram um modelo econômico empobrecedor. Tal modelo desindustrializou o país, afundou, numa profunda crise, a produção agrícola, especialmente a produção de alimentos, propiciou a terceirização precarizante,  estimulou ao extremo a especulação financeira e promoveu - especialmente durante a última década - a intensa exploração das nossas riquezas em hidrocarbonetos, minerais e fontes de água, acompanhados pela produção de biocombustíveis, exploração florestal e megaprojetos infra-estruturais. O desenvolvimento deste modelo foi projetado dentro de um quadro jurídico-institucional e militar que protege os interesses do grande capital e que vem se aprimorando no atual governo, através de múltiplas reformas no âmbito constitucional e legal. A entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, e de outros tratados de conteúdo similar, é uma boa demonstração disso.

6 – Este modelo econômico conduziu a uma crescente degradação da soberania, a uma maior concentração e centralização da riqueza, ao aumento da desigualdade social, à precarização e pauperização do trabalho, à depredação socio-ambiental, assim como à contínua apropriação da riqueza social e dos frutos do trabalho mediante a migração e o deslocamento forçado da população. Também,  propiciou uma mercantilização extrema e profunda de toda a vida social. Constituiu-se numa fonte de apropriação de dinheiro público, mediante a implantação generalizada de estruturas corruptas.

7 – Na Marcha Patriótica assinalamos a necessidade de produzir uma mudança política no país que defina as bases para a derrota do atual bloco hegemônico de poder e gere as condições para as transformações estruturais econômicas, políticas, sociais e culturais reclamadas pelas pessoas e pelo povo colombiano em geral. A Marcha coloca seu acúmulo e suas projeções a serviço deste propósito, chama à mais ampla unidade do povo colombiano e, em especial, dos diferentes processos sociais e populares existentes, tais como o Pólo Demcorático Alternativo e outros partidos e organizações políticas da esquerda, o Congresso dos Povos, a Minga Social e Indígena, a Coordenação Nacional de Movimentos e Organizações Sociais e Políticas, o COMOSOC, a MANE, bem como as demais forças políticas, econômicas e sociais que assim se consideram, pela construção de acordos programáticos que permitam avançar até a superação do modo de vida e de produção imperantes no país, a transformação estrutural do Estado, da economia e da cultura.

8 – Na Marcha Patriótica manifestamos a decisão política de lutar por um novo modelo econômico, de Estado e da
sociedade, permitindo a transformação estrutural do modo de vida e de produção, que permita garantir e realizar os direitos humanos integralmente, dignificar e humanizar o trabalho, reparar integralmente as vítimas da violência e do terror estatal paramilitar, organizar democraticamente o território, realizar reformas agrária e urbana integrais, realizar as correspondentes transformações sócio-culturais, dignificar a arte e a cultura, lutar por uma nova ordem internacional baseada nos princípios da soberania, da não intervenção, da autodeterminação e do internacionalismo dos povos, contribuindo para a integração da Nossa América. Tudo isso, na direção da construção de um projeto alternativo que supere a atual organização capitalista da sociedade. A Marcha Patriótica se compromete com o desenvolvimento de sua plataforma programática com a mais ampla participação das pessoas comuns e, em geral, dos setores sociais e populares. Para conseguir isso, os Conselhos ficarão abertos.

9 –  Na conjuntura atual, tendo em vista a dinâmica das lutas, assim como as tendências de políticas governamentais em curso, a Marcha Patriótica considera de vital importância e de suma urgência estabelecer acordos entre os diferentes processos políticos e organizacionais do campo popular, assim como com as demais forças  políticas, econômicas e sociais interessadas, para fazer o enfrentamento e construir alternativas relacionadas à política de terras, a defesa do território, a reivindicação de trabalho, o ensino superior, a saúde e a seguridade social,  os tratados de livre comércio, entre outros. Em todos os casos, trata-se de unir esforços e avançar na construção de um acúmulo de mobilização como o principal meio de ação coletiva e para a realização de uma grande greve cívica nacional.

10 – Apesar da retórica governamental que, com alguma frequência, assinala considerar a necessidade de paz para o nosso país, parece que este propósito é concebido em termos de uma solução militar, para o que pressionam, de forma contínua e persistente, os setores militaristas e de ultradireita. A política atual de contra-insurgência se fundamenta em um crescente intervencionismo militar estrangeiro, com o que, além de tentar induzir uma mudança no equilíbrio estratégico da guerra, corresponde aos interesses geopolíticos e econômicos do imperialismo dos EUA para garantir o acesso a recursos estratégicos, proteger investimentos transnacionais e conter quaisquer ameaças contra esses propósitos, sejam estas dos movimentos sociais ou insurgentes, ou de Estados soberanos na região.

11 –  A política da solução militar encontra sua atual expressão no Plano Espada de Honra, que se liga a outras experiências do passado recente, todas inscritas no âmbito do Plano Colômbia e suas diferentes fases de execução. Com ela se busca a rendição e a desmobilização da insurgência. A experiência de nosso país, durante os últimos cinquenta anos, ensina, no entanto, que propósitos similares não têm sido mais do que iniciativas falidas que acabaram  imprimindo novas dinâmicas e formas de expressão para o confronto. E não pode ser de outra forma, dadas as raízes históricas e a natureza política, econômica e social do conflito colombiano, assim como a dinâmica específica de uma guerra irregular e assimétrica.

12 – Uma prorrogação indefinida do conflito social e armado, bem como o que ele representa em termos de sofrimento da população e do contínuo aumento dos gastos da guerra que poderiam muito bem ser destinados para atender as necessidades das pessoas em geral, conduz à perigosa militarização da vida política, econômica, social e cultural. A Marcha Patriótica manifesta seu compromisso ético e político com a busca de uma solução política para o conflito social e armado. Considerando que deve ser socialmente apropriada, a Marcha manifesta a sua decisão de impulsionar os processos constituintes locais e regionais pela solução política e pela paz com justiça social, tendendo para a realização de uma Assembleia Nacional. Propõe também a todas as forças políticas, econômicas e sociais, a união de esforços para construir caminhos que permitam tornar realidade os anseios de paz das pessoas e do povo colombiano em geral. Isso pode ter uma expressão inicial na criação de um encontro nacional pela solução política e pela paz com justiça social.

13 – A Marcha apresenta suas saudações solidárias a todas as mobilizações, resistências e lutas populares; e manifesta o seu compromisso de acompanhá-las, assumi-las como próprias e participar ativamente delas. Saúda igualmente todos os homens e mulheres que, nos campos e cidades, dão o melhor de suas vidas para contribuir para o bem viver das classes subalternas, oprimidas e exploradas. Chama a atenção para a situação dos prisioneiros de guerra e manifesta a sua solidariedade com os presos políticos e de opinião. Além disso, declara sua vocação internacionalista e seu apoio irrestrito a todos os lutadores e lutadoras que, no mundo e na Nossa América, buscam a superação do modo de vida e de produção imposto pelo capitalismo.

14 – Na Marcha temos chegado aos patriotas para afirmar a existência de sonhos coletivos; para traçar rotas de dignidade; para abrir portas de esperanças realizáveis. Seguindo o legado dos libertadores e das libertadoras da Primeira Independência e dos lutadores populares das resistências em nossa nação, somos partícipes deste novo capítulo da história a ser forjado na mais ampla unidade popular. Saímos  convencidos de que o sonho não só existe, mas é realizável em um trabalho coletivo de cada organização e na proposta coletiva que seguimos construindo. Entregamos ao país este aporte de esperança decidida, convidando a marchar, a caminhar, a lutar e a construir.

A marchar pela solução política!
A marchar pela soberania e integração dos povos!
A marchar pela unidade popular e pela Segunda e definitiva independência!

Bogotá, 22 de abril.

quinta-feira, 15 de março de 2012

CONJUNTURA INTERNACIONAL: CRISE ATUAL DO CAPITALISMO.

Crise atual do capitalismo é estrutural


por jubileu última modificação 13/02/2012 09:46

“O socialismo do futuro terá as cores das sociedades que por ele optarem” Miguel Urbano Rodrigues, em entrevista ao Jornal Brasil de Fato, afirma acreditar que um socialismo humanizado abrirá ao homem a possibilidade de desenvolver todas as suas potencialidades e de se realizar integralmente, liberto das forças que o oprimem há milênios.

“O socialismo do futuro terá as cores das sociedades que por ele optarem”




“O mundo está num caos em conseqüência da crise global do capitalismo”. Assim, o jornalista e escritor português Miguel Urbano Rodrigues define o atual cenário mundial. Para ele, a crise atual do capitalismo é estrutural. Segundo o escritor, a crise, iniciada nos EUA, alastrou à Europa e as medidas tomadas por Bush, primeiro, e Obama depois, em vez de atenuarem a crise, agravaram-na. “Os EUA, polo do sistema que oprime grande parte da humanidade, mostram-se incapazes de controlar os colossais défices do orçamento e da balança comercial”.


Miguel Urbano: crise atual do capitalismo é estrutural

Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Urbano diz que o grande capital pouco alterou as práticas criminosas e fraudulentas que originaram a crise. Para ele, a fatura é paga pelos trabalhadores que tiveram os seus salários brutalmente diminuídos e suprimidas conquistas históricas. Taxativo, afirma que as guerras fazem parte das alternativas imperialistas e que as agressões militares são sempre precedidas de uma campanha midiática de âmbito mundial. Embora avesso a profecias, Urbano acredita que o socialismo do futuro terá as cores das sociedades que por ele optarem de acordo com as suas tradições, cultura e peculiaridades de cada uma.



Brasil de Fato – O MUNDO VIVE HOJE UMA DE SUAS MAIORES CRISES FINANCEIRAS. QUE AVALIAÇÃO O SENHOR FAZ DESSA CRISE QUE TEM SE AGUDIZADO PRINCIPALMENTE NOS ESTADOS UNIDOS E NA EUROPA?

Miguel Urbano Rodrigues – O mundo está num caos em conseqüência da crise global do capitalismo. É uma crise estrutural. Nos países centrais a teoria da acumulação não funciona mais de acordo com a lógica do capitalismo e, na busca de uma solução, os Estados Unidos, polo hegemônico do sistema, multiplicam as guerras contra países do Terceiro Mundo para saquear os seus recursos naturais.

AS MEDIDAS TOMADAS PELOS GOVERNOS, A SEU VER, RESOLVEM OS GRAVES PROBLEMAS DESSA CRISE?
E o agravamento dessa crise, que é estrutural do capitalismo, a seu ver, irá enfraquecer ainda mais o imperialismo?

A crise, iniciada nos EUA, alastrou à Europa. As medidas tomadas por Bush, primeiro, e Obama depois, em vez de atenuarem a crise, agravaram-na. O objetivo foi salvar a banca, as seguradoras e grandes empresas à beira da falência como as da indústria do automóvel. Mais de mil bilhões foram investidos pelo Estado Federal nessa estratégia com resultados medíocres. Um volume gigantesco de dinheiro (os dólares emitidos) foi encaminhado para os responsáveis pela crise, enquanto a principal vítima, os trabalhadores estadunidenses, foi esquecida. Centenas de milhares de famílias perderam as suas casas, e o desemprego aumentou muito em consequência de despedimentos maciços. O grande capital pouco alterou as práticas criminosas e fraudulentas que originaram a crise. É significativo que o atual secretário do Tesouro, Thimothy Geithner, que goza da total confiança de Obama, seja um homem de Walt Street comprometido com as políticas de desregulamentação que tiveram efeitos funestos.

Na União Europeia, que é um gigante econômico mas um anão político, a estratégia adotada para enfrentar a crise foi diferente. A fragilidade do euro é inseparável do fato de o dólar ser, na prática, a moeda universal cujas emissões são incontroláveis. O Banco Central Europeu não pode imitar Washington.

A crise atingiu primeiro países periféricos, como a Irlanda, a Grécia e Portugal. A Alemanha e a França, que põem e dispõem em Bruxelas, sobrepondo-se à Comissão Europeia e às instituições comunitárias em geral, impuseram a esses três países “políticas de austeridade” orientadas para a redução drástica dos défices orçamentais e a salvação da banca. A fatura foi paga pelos trabalhadores que tiveram os seus salários brutalmente diminuídos, suprimidas conquistas históricas como os subsídios de Natal e de férias, enquanto setores sociais como a Educação e a Saúde eram duramente golpeados.

A Itália e a Espanha encontram-se também à beira de um colapso, na iminência de pedirem à Comissão Europeia e ao FMI uma “ajuda” que agravaria extraordinariamente as condições de vida da classe trabalhadora. Na Espanha o desemprego ultrapassa já os 21%.

A chanceler Merckel e o presidente Sarkosy estão, porém, conscientes de que os efeitos da crise atingem também perigosamente os seus países. O Reino Unido, fora da zona euro, não é exceção; teme igualmente o agravamento da situação. Neste contexto o futuro do euro e da própria União Europeia apresentam-se sombrios. São a cada semana, mais numerosos os políticos e economistas que preconizam a saída do euro de alguns países. Obviamente, as tensões sociais na contestação ao sistema assumem características explosivas, sobretudo na Grécia, em Portugal, na Espanha e na Itália. Os EUA e as grandes potências da União Europeia puseram fim às guerras interimperialistas, substituindo-as por um imperialismo coletivo.

O senhor poderia explicar como têm se dado guerras?

O imperialismo evoluiu nas últimas décadas para responder à crise do capitalismo. As guerras interimperialistas que na primeira metade do século 20 devastaram a Europa e a Ásia não vão repetir-se; remotíssima essa hipótese. As contradições entre as potências imperialistas mantêm-se. Mas não são hoje antagônicas.

Um imperialismo coletivo – a expressão é do argentino Cláudio Katz – substituiu o tradicional.

Os seus contornos principiaram a definir-se na primeira guerra do Golfo e tornaram-se nítidos com as agressões aos povos do Afeganistão, do Iraque e da Líbia.

Hegemonizada pelos Estados Unidos, formou-se uma aliança tática de que participam o Reino Unido, a Alemanha e a França, além de sócios menores como a Itália, a Espanha, o Canadá e a Austrália, inclusive países da Europa do Leste, ex-socialistas.

ENTÃO É ESSE BLOCO IMPERIALISTA QUE COMANDA O MUNDO HOJE E FOMENTA AS GUERRAS?

A superioridade militar e tecnológica do bloco imperialista permite-lhe, com um custo de vidas reduzido, atacar e ocupar países do Terceiro Mundo para saquear os seus recursos naturais, nomeadamente os petrolíferos. Isso ocorreu já no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. Atinge agora a África com a intervenção militar dos EUA em Uganda. O Africa Comand, por ora instalado na Alemanha, anuncia a criação de um exército permanente para o continente africano, previsto para 100 mil homens. Obama já afirmou que a “ajuda militar” (leia-se intervenção) ao Sudão do Sul, ao Congo e à República Centro Africana depende de um simples pedido a Washington.

AS GUERRAS TÊM SIDO AS SAÍDAS PARA O CAPITALISMO. COM ESSA CRISE, TEREMOS NOVAS GUERRAS?


As agressões militares são sempre precedidas de uma campanha midiática de âmbito mundial. A receita tem sido repetida com algum êxito. Para impedir a solidariedade internacional com os povos a serem alvo de agressões previamente planejadas e semear a confusão e a dúvida em milhões de pessoas nos países desenvolvidos, os Estados Unidos e seus aliados promovem campanhas de satanização de líderes apresentados como ditadores implacáveis, ou terroristas que ameaçam a humanidade. A invasão do Afeganistão foi precedida da diabolização de Bin Laden – definido como inimigo número 1 dos EUA – e a guerra do Iraque, da satanização de Sadam Hussein. No caso da Líbia, Kadafi , que um ano antes era recebido com todas as honras em Paris, Londres, Roma e Madri, e tratado com deferência por Obama, passou de repente a ser apresentado como um monstro sanguinário que submetia o seu povo a uma opressão cruel. O desfecho é conhecido: a aprovação pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) de uma “zona de exclusão aérea” para “proteger as populações”. Logo depois começaram os bombardeios de uma guerra que durou sete meses, definida como “intervenção humanitária”. Sabe-se hoje que a “insurreição” de Benghasi foi preparada com meses de antecedência por comandos britânicos e agentes da CIA, dos serviços secretos britânicos e franceses, e da Mossad israelense.

COMO O SENHOR AVALIA AS CONSEQUÊNCIAS DESSA CRISE PARA OS PAÍSES POBRES, DO CHAMADO TERCEIRO MUNDO?

O custo destas agressões imperiais para os países por elas atingidos tem sido altíssimo. Não há estatísticas credíveis sobre as destruições de infraestruturas e o saque de bens culturais e sobre o número de mortos civis resultante das guerras no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. Mas o saldo dessa orgia de barbárie ocidental ascende – segundo grandes jornais da Europa e dos EUA – a centenas de milhares.

A satanização de Bachar Assad e do seu exército gera o temor de que a intervenção imperial na Síria esteja iminente. Mas o grande “inimigo” a abater é o Irã. Motivo: é o único entre os grandes países muçulmanos que não se submete às exigências do imperialismo.

Israel ameaça atacar e incita os EUA a bombardear as instalações nucleares de Natanz. Obama conseguiu que o Conselho de Segurança aprovasse vários pacotes de sanções ao Irã, mas o Pentágono hesita em envolver-se numa nova guerra contra um país que dispõe de uma capacidade de retaliar ponderável. A invasão terrestre está excluída e o bombardeio das instalações subterrâneas de Natanz com armas convencionais poderia, na opinião dos especialistas, ser ineficaz.

O balanço das guerras do Afeganistão e do Iraque não é animador para a Casa Branca. O presidente Obama ao anunciar a retirada das últimas tropas estadunidenses do Iraque sabe que mentiu aos seus compatriotas. Num discurso eleitoreiro, triunfalista, que pode ser qualificado de modelo de hipocrisia, afirmou que os Estados Unidos alcançaram ali os objetivos previamente fixados. Na realidade a resistência prossegue e dezenas de milhares de mercenários substituíram as forças do Exercito e da Força Aérea. Mas qualquer previsão sobre futuras agressões é desaconselhável. Tudo se pode esperar da engrenagem do sistema imperial, comandado por um presidente elogiado como humanista e defensor da Paz quando, na realidade, a sua estratégia de dominação planetária configura uma ameaça sem precedentes à humanidade.

COMO O SENHOR AVALIA O PAPEL DE ORGANISMOS COMO A ONU, O FMI, O BANCO MUNDIAL E A OMC?

O Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) são instrumentos do sistema imperial, criados para o servir. Quanto à Organização da Nações Unidas (ONU), há que estabelecer a distinção entre a Assembleia-Geral e o seu órgão executivo, o Conselho de Segurança. A primeira, representativa de quase 200 Estados, é uma instituição democrática, mas as suas resoluções somente produzem efeito se referendadas pelo Conselho de Segurança. Ora este, manipulado pelos EUA, com o apoio do Reino Unido e da França, funciona há muito como instrumento da vontade dos três, até porque a Rússia e a China, os outros membros permanentes, não têm exercido o direito de veto, com raríssimas exceções.

COMO O SENHOR VÊ OS PROTESTOS E AS MOBILIZAÇÕES QUE TÊM OCORRIDO EM VÁRIOS PAÍSES, NA CHAMADA PRIMAVERA ÁRABE, NA GRÉCIA E NOS ESTADOS UNIDOS?

Em primeiro lugar é útil esclarecer que a expressão “Primavera Árabe”, muito divulgada pelos governos ocidentais e pela mídia é, por generalizante, fonte de confusão. Os levantamentos populares no Egito e na Tunísia foram espontâneos e inesperados para o imperialismo. Triunfaram ambos, provocando a queda de Hosni Mubarak e de Ben Ali. No caso da Tunisia, a vitória de um partido islamista moderado nas recentes eleições não representa um problema para o imperialismo. Tudo indica que as relações dos Estados Unidos e os grandes da União Europeia com Tunis serão cordiais como eram com o governo da ditadura.

No Egito tudo permanece em aberto, porque o povo não aceitou o governo dos militares comprometidos com o imperialismo e continua a exigir a sua renúncia. No Bahrein e no Iémen não houve qualquer “primavera”. Washington e os seus aliados abstiveram-se de criticar os regimes que eram alvo dos protestos populares. No tocante ao Bahrein, base da IV Frota da US Navy, os EUA manobraram de modo a que tropas sauditas e dos Emirados do Golfo invadissem o pequeno país e reprimissem com violência as manifestações. Os protestos populares na Europa e nos Estados Unidos contra regimes de fachada democrática, que na prática são ditaduras da burguesia e do grande capital apresentam também características muito diferenciadas

O acampamento inicial dos indignados em Madri funcionou como incentivo a movimentos similares em dezenas de cidades da Europa e dos EUA. Esses jovens sabem o que rejeitam e os motiva a lutar, mas não definem com um mínimo de precisão uma alternativa ao capitalismo.

Inspirado pelos espanhóis, o acampamento de Manhattan, realizado sob o lema “Ocupem Wall Street”, alarmou a engrenagem do poder. A solidariedade de intelectuais progressistas como Noam Chomsky, Michael Moore e James Petras contribuiu para que o movimento alastrasse a muitas cidades.

NO CASO ESTADUNIDENSE, OS PROTESTOS FORAM UMA SURPRESSA? COMO O SENHOR ANALISA A REAÇÃO DO GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS A ESTAS MANIFESTAÇÕES?

A reação da administração Obama foi inicialmente de surpresa. Mas perante a amplitude assumida pelo movimento recorreu a uma repressão brutal. As conseqüências dessa opção foram inversas das esperadas pelo governo. Os acontecimentos de Oakland, na Costa do Pacífico, demonstraram que a contestação é agora dirigida contra a engrenagem capitalista responsável pela crise que afeta 99% dos cidadãos e beneficia a apenas 1% , tema de um slogan que já corre pelo país. A profundidade do descontentamento popular é transparente. Uma certeza: alarma Obama e Wall Street.

Paralelamente aos protestos espontâneos referidos, desenvolvem-se na Europa outros, promovidos pelos sindicatos e por partidos revolucionários. A greve geral de novembro, em Portugal, e as grandes manifestações de protesto ali realizadas traduziram não só a condenação de políticas de direita impostas por Bruxelas e a submissão ao imperialismo, com perda de soberania, como a exigência de uma política progressista incompatível com a engrenagem capitalista.

É sobretudo na Grécia que as massas exprimem em gigantescas e permanentes concentrações populares a sua determinação de lutarem contra o sistema capitalista até a sua destruição Quinze greves gerais num ano, empreendidas sob a direção de uma Frente Popular na qual o papel do Partido Comunista da Grécia é fundamental, os trabalhadores da pátria de Péricles batem-se hoje com heroísmo pela humanidade inteira.

FRENTE A ESSE CENÁRIO DE CRISE MUNDIAL DO CAPITALISMO, QUAL A ALTERNATIVA PARA OS POVOS? COMO O SENHOR VÊ O FUTURO DA HUMANIDADE?

A única alternativa credível à barbárie capitalista é o socialismo. O capitalismo conseguiu superar desde o século 19 sucessivas crises. Desta vez, porém, enfrenta uma crise estrutural para a qual não encontra soluções. Os EUA, polo do sistema que oprime grande parte da humanidade, mostram se incapaze de controlar os colossais défices do orçamento e da balança comercial. Forjaram um tipo de contracultura monstruosa que pretendem impor a todo o planeta. Mas o declínio do seu poder é transparente e irreversível.

Por si só, as gigantescas reservas de dólares e os títulos do Tesouro norte-americano que a China e o Japão acumularam, estimados aproximadamente em dois mil bilhões de dólares, são esclarecedores da fragilidade da economia dos Estados Unidos, um colosso com pés de barro, hoje o país mais endividado do mundo.

Sou avesso a profecias de qualquer natureza. Mas creio que o socialismo do futuro terá as cores das sociedades que por ele optarem de acordo com as suas tradições, cultura e peculiaridades de cada uma – um socialismo humanizado que abrirá ao homem a possibilidade de desenvolver todas as suas potencialidades e de se realizar integralmente, liberto das forças que o oprimem há milênios.

QUEM É

Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português. Redator e chefe de redação de jornais em Portugal antes de se exilar no Brasil, onde foi editorialista principal do jornal O Estado de S. Paulo e editor internacional da revista brasileira Visão. Regressando a Portugal após a Revolução dos Cravos, foi chefe de redação do jornal do Partido Comunista Português (PCP) Avante!, e diretor de O Diário. Foi ainda assistente de História Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, presidente da Assembleia Municipal de Moura, deputado da Assembleia da República pelo PCP entre 1990 e 1995 e deputado da Assembleias Parlamentares do Conselho da Europa e da União da Europa Ocidental, tendo sido membro da comissão política desta última. Tem colaborações publicadas em jornais e revistas de duas dezenas de países da América Latina e da Europa e é autor de mais de uma dezena de livros publicados em Portugal e no Brasil.

Fonte: Jornal Brasil de Fato - 01/02/2012, Nilton Viana, da Redação.

www.brasildefato.com.br



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

AS FARC-EP ANUNCIAM A LIBERTAÇÃO

AS FARC-EP ANUNCIAM A LIBERTAÇÃO DE TODOS OS PRISIONEIROS DE GUERRA 27 Fevereiro 2012


Classificado em América Latina - Colômbia



Crédito: 3.bp.blogspot





Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP



Montanhas da Colômbia, 26 de fevereiro de 2012



Cada vez que as FARC-EP falam de paz, de soluções políticas para o confronto, da necessidade de conversar para obter uma saída civilizada para os graves problemas sociais e políticos que originam o conflito armado na Colômbia, o coro dos apaixonados pela guerra se levanta inflamado, desqualificando os nossos propósitos de reconciliação. De imediato, recaem sobre nós as mais perversas intenções, apenas com o intuito de insistir que a única coisa que nos cabe é o extermínio. Em geral, esses apaixonados nunca vão à guerra e nem permitem a ida de seus filhos.



São quase 48 anos na mesma situação. Cada ofensiva militar redundou num subsequente fortalecimento nosso, contra o qual voltam a agigantar-se as investidas, reiniciando o círculo. O fortalecimento militar das FARC de hoje ocorre sob os narizes daqueles que proclamaram o seu fim e os incita a proclamarem a necessidade de aumentar ainda mais o terror e a violência. Da nossa parte, consideramos que não cabe mais a possibilidade de longas conversações.



Por isso, queremos comunicar nossa decisão de somar à anunciada libertação dos seis prisioneiros de guerra, a dos quatro restantes em nosso poder. Ao agradecer a disposição generosa do governo que preside Dilma Rousseff (*), que aceitamos sem vacilação, queremos manifestar nossos sentimentos de admiração para com os familiares dos soldados e policiais em nosso poder. Jamais perderam a fé em que os seus recobrariam a liberdade, ainda que em meio ao desprezo e à indiferença dos seguidos governos, comandos militares e comandos policiais.



Em atenção a eles, queremos solicitar à senhora Marleny Orjuela, essa incansável e valente mulher, dirigente da ASFAMIPAZ, que os receba na data acordada. A tal efeito, anunciamos ao grupo de mulheres do continente, que trabalham ao lado do Colombianas e Colombianos pela Paz, que estamos prontos para concretizar o que seja necessário para agilizar este propósito. A Colômbia inteira e a comunidade internacional serão testemunhas da determinação demonstrada pelo governo de Juan Manuel Santos, que já frustrou um final feliz em novembro passado.



Muito se tem falado acerca das retenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil que, com fins financeiros, nós das FARC efetuamos para sustentar nossa luta. Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que, a partir desta data proscrevemos a prática delas em nossa atuação revolucionária. A parte pertinente da lei 002, expedida pelo nosso Pleno do Estado Maior, no ano de 2000, fica, por conseguinte, revogada. É o momento de começar a esclarecer quem e com quais propósitos se sequestra hoje na Colômbia.



Sérios obstáculos se interpõem à concretização de uma paz concertada em nosso país. A arrogante decisão governamental de aumentar o gasto militar, o corpo de força e as operações, indica a prolongação indefinida da guerra. Ela trará consigo mais morte e destruição, mais feridas, mais prisioneiros de guerra de ambas as partes, mais civis encarcerados injustamente. Além disso, ela indica a necessidade de recorrer a outras formas de financiamento ou pressão política de nossa parte. Essa é a hora do regime pensar seriamente numa saída distinta, que comece ao menos por um acordo de regularização do confronto e da libertação de prisioneiros políticos.



Desejamos, finalmente, expressar nossa satisfação pelos passos que vem sendo dados para a formação da comissão internacional. Caberá a essa comissão verificar as denúncias sobre as condições desumanas de reclusão, o desconhecimento dos direitos humanos e de defesa jurídica que afrontam os prisioneiros de guerra, os prisioneiros de consciência e os presos sociais nos cárceres do país. Esperamos que o governo colombiano não tema e não obstrua este legítimo trabalho humanitário impulsionado pela comissão de mulheres do continente.



*Um comando das Forças Armadas brasileiras vai, dentro em breve, resgatar os reféns na selva, em local indicado pelas FARC,.e entregá-los em Bogotá.



Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O ÍNDIO QUEIMADO NO MARANHÃO


O ÍNDIO QUEIMADO NO MARANHÃO
http://www.viasdefato.jor.br/



No dia 31 de dezembro de 2011 o site do jornal Vias de Fato deu uma pequena nota, noticiando que havia nos chegado à informação de que um índio teria sido queimado no município de Arame, no interior do Maranhão. A vítima, segundo a denúncia, foi uma criança Awá-Guajá.

Com a repercussão da nota, alguns dias depois, no último dia 6 de janeiro, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou uma notícia em seu site (www.cimi.org.br) tratando do mesmo assunto e confirmando a nossa informação. O texto do CIMI foi feito em Brasília e assinado pelo jornalista Renato Santana. Nele está dito que, segundo os indígenas, “o corpo foi encontrado carbonizado em outubro do ano passado num acampamento abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 quilômetros da aldeia Patizal do povo Tenetehara, região localizada no município de Arame (MA). A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso”.


Os suspeitos pelo crime contra a criança índia são os madeireiros que atuam em terras maranhenses. O caso repercutiu em todo o país. O Ministério Público Federal convidou o CIMI e a Comissão de Direitos Humanos da OAB do Maranhão para discutir as providências que serão tomadas no sentido de apurar o caso. Hoje à tarde (10/01/12) houve uma audiência para tratar do assunto.


Porém, antes disso, no dia 8 de janeiro, a Fundação Nacional do Índio no Maranhão (FUNAI), apressadamente (e é muito importante registrar a pressa) concluiu um relatório dizendo que o caso do índio queimado em Arame “trata-se de um boato”, de “uma mentira”, de “uma notícia sem fundamento”, cuja “a motivação é eminentemente política”. Lideranças indígenas nos ligaram hoje pela manhã revoltadas com o conteúdo do relatório.

O fato é que a história dos madeireiros na nossa região segue o mesmo roteiro e método do tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro. Eles dominam pela força bruta e agem em parceria com o poder político/estatal/mafioso. Eles são violentos e circulam como se estivessem acima do bem e do mal. E já que a FUNAI falou de “motivação política” o Vias de Fato lembra que órgãos federais, políticos com mandato e o comando da máfia maranhense, têm relação com estes madeireiros. São cúmplices! É por isso que eles estão sempre tão à vontade para devastar, matar e esfolar tudo que eles encontram pela frente.


No Maranhão, os madeireiros estão também dentro de áreas indígenas. Por conta disso, vários índios são aliciados e participam do negócio. Os que não entram no jogo, sofrem diferentes tipos de agressões, caso dos Awá-Guajá.


Sendo assim, no momento em que a FUNAI lança um relatório em regime de urgência, tentando botar uma pá de cal sobre a denúncia do índio queimado e deixando livre de suspeitas os madeireiros que agem no Maranhão, é o caso de se levantar algumas questões.

A primeira se refere ao índio Clóvis Tenetehara. Ele é a única fonte citada nominalmente pela FUNAI. Na realidade, a FUNAI reproduz um depoimento de Clóvis quando ele diz que o assassinato da criança Awá se trata de “um boato, uma mentira”. É estranho que neste mesmo relatório da FUNAI está dito que os próprios servidores da Fundação flagraram um caminhão madeireiro e que este teria feito uma doação (incluindo aí mantimentos) para Clóvis Tenetehara e sua família. Já no site da revista Caros Amigos está dito que o “o índio Guajajara Clóvis Tenetehara contou ao CIMI que costumava ver os Awá-Guajá isolados durante caçadas na mata. Mas que não os vê mais, desde que localizou um acampamento com sinais de incêndio e os restos mortais de uma criança”.

Então, nesta confusão toda, quem está mentido? Quem está sendo bobo ou se fazendo de bobo? A FUNAI? O CIMI? A Caros Amigos? O índio Clovis Tenetehara? Os outros setores da imprensa e da Sociedade Civil? Teria Clóvis dado um depoimento para o CIMI e outro para a FUNAI? Ele mudou de depoimento? E se mudou, o que teria lhe motivado? São muitos os fatos que precisam ser apurados. E outros índios, certamente, devem ser ouvidos!

Quanto ao nosso papel, desde o início, foi o de ajudar a denunciar uma história que é comentada por vários índios da região de Amarante e Arame: UMA CRIANÇA INDÍGENA AWÁ-GUAJÁ TERIA SIDO QUEIMADA POR MADEIREIROS!

E nós sabemos que existe todo um histórico de violência contra índios e outros povos da terra que vivem (e sobrevivem) no Maranhão. São posseiros, quilombolas, sem terra, ribeirinhos etc. E o poder público e a grande mídia local (ambos ligados a máfia Sarney) são protagonistas e/ou coniventes com esta situação de barbárie. E as mortes acontecem... Muitas não são registradas. E o povo grita. E ninguém ouve. Então, numa situação como esta, a FUNAI, ao invés de teorizar sobre liberdade de imprensa, tem é que cumprir o seu verdadeiro papel e convencer a sociedade de que está agindo de forma correta, honesta e com total e absoluta transparência.

Em nossa edição de novembro de 2011 (nº 26), o índio Frederico Guajajara disse que “recentemente um madeireiro passou com um caminhão por cima de um índio Guajajara. Uma índia Kanela de 51 anos, foi estuprada e assassinada com requintes de crueldade e uma índia Krikati de 22 anos e com problemas mentais foi estuprada dentro da aldeia por um homem branco armado. A Funai tem conhecimento disso tudo e não tomou nenhuma providência.” A matéria tratou de uma rebelião de índios que ocupou a sede da FUNAI em Imperatriz (MA) e, na ocasião, lançou uma carta aberta a sociedade.

Nesta carta está citada a tentativa de cooptação de comunidades indígenas e a relação de madeireiros com figuras da FUNAI. Integrantes do CIMI voltaram a garantir hoje, na reunião com o Ministério Público Federal e com a Comissão de Direitos Humanos da OAB, que, já neste período, servidores da FUNAI foram informados que o corpo de uma criança indígena foi encontrado carbonizado. Isto foi há dois meses! Agora, ao invés de fazer uma profunda investigação sobre esta “nova” denúncia, a FUNAI tenta, rapidamente, abafar o assunto citando um único e controvertido depoimento.

O adágio popular diz que onde há fumaça, há fogo. Neste caso das terras dos Awá-Guajá, tem muito mais do que isso...


*Texto alterado às 14:50 para correção de informação

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

REFINANCIAMENTO, JUROS E AMORTIZAÇÕES DE DÍVIDAS, UM BRASIL COM RIQUEZAS INCALCULÁVEIS MAS, MAL DISTRIBUÍDAS.



O que esperar dos economistas e representantes políticos brasileiros, se produzimos tanto, riquezas e produtos variados, temos superávit primário e PIB do é 44,935% destinados a pagar a conta para os capitalista, nós trabalhadores não devemos pagara essa conta, afinal essa crise não é nossa, porém nossas ações estão cada vez estão se minguando, precisamos reagir.

As eleições estão ai, 2012, muitas emendas, obras e programas sociais de comprar de votos eleitorais e de suas mentes e consciências.

Veja o que foi destinado em 201º, e pouco mudou em 2011 e nada mudará em 2012. E dívida não é sua.

Dê a sua opinião e transforme sua realidade.

ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO - 2010 - Total: R$ 1,414 TRILHÃO





Fonte: SIAFI - Banco de Dados Access p/ download (execução do Orçamento da União) – Disponível emhttp://www.camara.gov.br/internet/orcament/bd/exe2010mdb.EXE . Elaboração: Auditoria Cidadã da Dívida



Nota Explicativa: O gráfico inclui todas as amortizações da dívida, inclusive as que são consideradas pelo governo como "refinanciamento", por se tratar de pagamento de amortizações com recursos obtidos com a emissão de novos títulos - a chamada "rolagem" da dívida.

Acrescentamos que a apresentação dos gastos com a dívida de forma consolidada visa a dar maior transparência a esse gasto e evitar distorções, tendo em vista o seguinte:

I - As recentes investigações da CPI da Dívida comprovaram que cabem questionamentos sobre as informações disponíveis sobre a classificação – como juros, amortização ou rolagem - dos gastos com a dívida pública. A CPI apurou que parte dos juros tem sido classificada como amortização, pois os juros indicados pelo Tesouro Nacional se referem apenas aos "juros reais", ou seja, à parcela dos juros que supera a inflação, enquanto a outra parcela é contabilizada como amortizações, ou até mesmo na "rolagem".

II - O Ministério da Fazenda e o Banco Central, questionados pela CPI, não informaram o montante de juros nominais efetivamente pagos pelo Tesouro, razão pela qual, diante da ausência de informação detalhada, a partir de agora consideraremos sempre os gastos com a dívida de forma consolidada.

III – Dados disponibilizados pelo Banco Central e Ministério da Fazenda que informam o valor dos juros “nominais” calculam tal valor sobre a dívida líquida e não sobre a dívida real, bruta. Dessa forma, o valor informado não corresponde aos juros nominais efetivamente pagos, mas apenas a uma parte da dívida.

IV – Essas inconsistências reforçam a necessidade de continuarmos lutando pela realização da Auditoria da Dívida e pelo respeito ao Princípio da Transparência, com amplo acesso aos dados.



São José de Ribamar e os 12 mitos do capitalismo






Todos os dias sinto a necessidade, de poder informar e esclarecer a população de nosso município São José de Ribamar, que a mudança do sistema não virá pela questão política, ou por meio da eleição somente. Mas pela sua indignação e reação a exploração de nossas riquezas e de nossas vontades, eles são invasores de terras, cidades e mentes, eles compram, eles escravizam, eles mentem e convencem mentes e corações, lhe enganam dizendo que são amigos e são os melhores, usufruí de todos os nossos diretos e deixam a gente muitas vezes refém de nossos empregos. Eles têm muito dinheiro, são capitalista selvagens.

Faça uma reflexão. Não seja mais um que será e foi ou está sendo lubridiado.



12 mitos do capitalismo



Por : Guilherme Alves Coelho

São muitos e variados os tipos e meios de manipulação em que a ideologia burguesa se foi alicerçando ao longo do tempo. Um dos tipos mais importantes são os mitos. Trata-se de um conjunto de falsas verdades, mera propaganda que, repetidas à exaustão, acriticamente, ao longo de gerações, se tornam verdades insofismáveis aos olhos de muitos.

Um comentário amargo, e frequente após os períodos eleitorais, é o de que “cada povo tem o governo que merece”. Trata-se de uma crítica errónea, que pode levar ao conformismo e à inércia e castiga os menos culpados. Não existem maus povos. Existem povos iletrados, mal informados, enganados, manipulados, iludidos por máquinas de propaganda que os atemorizam e lhes condicionam o pensamento. Todos os povos merecem sempre governos melhores.

A mentira e a manipulação são hoje armas de opressão e destruição maciça, tão eficazes e importantes como as armas de guerra tradicionais. Em muitas ocasiões são complementares destas. Tanto servem para ganhar eleições como para invadir e destruir países insubmissos.

São muitos e variados os tipos e meios de manipulação em que a ideologia capitalista se foi alicerçando ao longo do tempo. Um dos tipos mais importantes são os mitos. Trata-se de um conjunto de falsas verdades, mera propaganda que, repetidas à exaustão, acriticamente, ao longo de gerações, se tornam verdades insofismáveis aos olhos de muitos. Foram criadas para apresentar o capitalismo de forma credível perante as massas e obter o seu apoio ou passividade. Os seus veículos mais importantes são a informação midiática, a educação escolar, as tradições familiares, a doutrina das igrejas, etc. (*)

Apresentam-se neste texto, sucintamente, alguns dos mitos mais comuns da mitologia capitalista.

• NO CAPITALISMO QUALQUER PESSOA PODE ENRIQUECER À CUSTA DO SEU TRABALHO.

Pretende-se fazer crer que o regime capitalista conduz automaticamente qualquer pessoa a ser rica desde que se esforce muito.

O objetivo oculto é obter o apoio acrítico dos trabalhadores no sistema e a sua submissão, na esperança ilusória e culpabilizante em caso de fracasso, de um dia virem a ser também, patrões de sucesso.

Na verdade, a probabilidade de sucesso no sistema capitalista para o cidadão comum é igual à de lhe sair a lotaria. O “sucesso capitalista” é, com raras exceções, fruto da manipulação e falta de escrúpulos dos que dispõem de mais poder e influência. As fortunas em geral derivam diretamente de formas fraudulentas de atuação.

Este mito de que o sucesso é fruto de uma mistura de trabalho afincado, alguma sorte, uma boa dose de fé e depende apenas da capacidade empreendedora e competitiva de cada um, é um dos mitos que tem levado mais gente a acreditar no sistema e a apoiá-lo. Mas também, após as tentativas falhadas, a resignarem-se pelo aparente fracasso pessoal e a esconderem a sua credulidade na indiferença. Trata-se dos tão apregoados empreendedorismo e competitividade.

• O CAPITALISMO GERA RIQUEZA E BEM-ESTAR PARA TODOS

Pretende-se fazer crer que a fórmula capitalista de acumulação de riqueza por uma minoria dará lugar, mais tarde ou mais cedo, à redistribuição da mesma.

O objetivo é permitir que os patrões acumulem indefinidamente sem serem questionados sobre a forma como o fizeram, nomeadamente sobre a exploração dos trabalhadores. Ao mesmo tempo mantêm nestes a esperança de mais tarde serem recompensados pelo seu esforço e dedicação.

Na verdade, já Marx tinha concluído nos seus estudos que o objetivo final do capitalismo não é a distribuição da riqueza mas a sua acumulação e concentração. O agravamento das diferenças entre ricos e pobres nas últimas décadas, nomeadamente após o neo-liberalismo, provou isso claramente.

Este mito foi um dos mais difundidos durante a fase de “bem-estar social” pós guerra, para superar os estados socialistas. Com a queda do muro soviético, o capitalismo deixou também cair a máscara e perdeu credibilidade.

• ESTAMOS TODOS NO MESMO BARCO.

Pretende-se fazer crer que não há classes na sociedade, pelo que as responsabilidades pelos fracassos e crises são igualmente atribuídas a todos e, portanto pagas por todos.

O objetivo é criar um complexo de culpa junto dos trabalhadores que permita aos capitalistas arrecadar os lucros enquanto distribui as despesas por todo o povo.

Na verdade, o pequeno numero de multimilionários, porque detém o poder, é sempre auto-beneficiado em relação à imensa maioria do povo, quer em impostos, quer em tráfico de influências, quer na especulação financeira, quer em off-shores, quer na corrupção e nepotismo, etc. Esse núcleo, que constitui a classe dominante, pretende assim escamotear que é o único e exclusivo responsável para situação de penúria dos povos e que deve pagar por isso.

Este é um dos mitos mais ideológicos do capitalismo ao negar a existência de classes.

• LIBERDADE É IGUAL A CAPITALISMO.

Pretende-se fazer crer que a verdadeira liberdade só se atinge com o capitalismo, através da chamada auto-regulação proporcionada pelo mercado.

O objetivo é tornar o capitalismo uma espécie de religião em que tudo se organiza em seu redor e assim afastar os povos das grandes decisões macro-económicas, indiscutíveis. A liberdade de negociar sem peias seria o máximo da liberdade.

Na verdade, sabe-se que as estratégias político econômicas, muitas delas planeadas com grande antecipação, são quase sempre tomadas por um pequeno número de pessoas poderosas, à revelia dos povos e dos poderes instituídos, a quem ditam as suas orientações. Nessas reuniões, em cimeiras restritas e mesmo secretas, são definidas as grandes decisões financeiras e econômicas conjunturais ou estratégicas de longo prazo. Todas, ou quase todas essas resoluções, são fruto de negociações e acordos mais ou menos secretos entre os maiores empresas e multinacionais mundiais. O mercado é, pois manipulado e não auto-regulado. A liberdade plena no capitalismo existe de fato, mas apenas para os ricos e poderosos.

Este mito tem sido utilizado pelos dirigentes capitalistas para justificar, por exemplo, intervenções em outros países não submissos ao capitalismo, argumentando não haver neles liberdade, porque há regras.

• CAPITALISMO IGUAL A DEMOCRACIA.

Pretende-se fazer crer que apenas no capitalismo há democracia.

O objetivo deste mito, que é complementar do anterior, é impedir a discussão de outros modelos de sociedade, afirmando não haver alternativas a esse modelo e todos os outros serem ditaduras. Trata-se mais uma vez da apropriação pelo capitalismo, falseando-lhes o sentido, de conceitos caros aos povos, tais como liberdade e democracia.

Na realidade, estando a sociedade dividida em classes, a classe mais rica, embora seja ultra minoritária, domina sobre todas as outras. Trata-se da negação da democracia que, por definição, é o governo do povo, logo da maioria. Esta “democracia” não passa pois de uma ditadura disfarçada. As “reformas democráticas” não são mais que retrocessos, reações ao progresso. Daí deriva o termo reacionário, o que anda para trás.

Tal como o anterior este mito também serve de pretexto para criticar e atacar os regimes de países não capitalistas.

• ELEIÇÕES IGUAL A DEMOCRACIA.

Pretende-se fazer crer que o ato eleitoral é o sinônimo da democracia e esta se esgota nele.

O objetivo é denegrir ou diabolizar e impedir a discussão de outros sistemas politico-eleitorais em que os dirigentes são estabelecidos por formas diversas das eleições burguesas, como por exemplo pela idade, poder aquisitivo, experiência, aceitação popular, parentesco e hereditariedade etc.

Na verdade é no sistema capitalista, que tudo manipula e corrompe, que o voto é condicionado e as eleições são atos meramente formais. O simples fato da classe burguesa minoritária vencer sempre as eleições demonstra o seu caráter não representativo.

O mito de que, onde há eleições há democracia, é um dos mais enraizados, mesmo em algumas forças de esquerda.

• PARTIDOS ALTERNANTES IGUAL A ALTERNATIVOS.

Pretende-se fazer crer que os partidos burgueses que se alternam periodicamente no poder têm políticas alternativas.

O objetivo deste mito é perpetuar o sistema dentro dos limites da classe dominante, alimentando o mito de que a democracia está reduzida ao ato eleitoral.

Na verdade este aparente sistema pluri ou bi-partidário é um sistema mono-partidário. Duas ou mais facções da mesma organização política, partilhando políticas capitalistas idênticas e complementares, alternam-se no poder, simulando partidos independentes, com políticas alternativas. O que é dado escolher aos povos não é o sistema que é sempre o capitalismo, mas apenas os agentes partidários que estão de turno como seus guardiões e continuadores.

O mito de que os partidos burgueses têm políticas independentes da classe dominante, chegando até a ser opostas, é um dos mais propagandeados e importantes para manter o sistema a funcionar.

• O ELEITO REPRESENTA O POVO E POR ISSO PODE DECIDIR TUDO POR ELE.

Pretende-se fazer crer que o político, uma vez eleito, adquire plenos poderes e pode governar como quiser.

O objetivo deste mito é iludir o povo com promessas vãs e escamotear as verdadeiras medidas que serão levadas à prática.

Na verdade, uma vez no poder, o eleito auto-assume novos poderes. Não cumpre o que prometeu e, o que é ainda mais grave, põe em prática medidas não enunciadas antes, muitas vezes em sentido oposto e até inconstitucionais. Freqüentemente são eleitos por minorias de votantes. A meio dos mandatos já atingiram índices de popularidade mínimos. Nestes casos de ausência ou perda progressiva de representatividade, o sistema não contempla quaisquer formas constitucionais de destituição. Esta perda de representatividade é uma das razões que impede as “democracias” capitalistas de serem verdadeiras democracias, tornando-se ditaduras disfarçadas.

A prática sistemática deste processo de falsificação da democracia tornou este mito um dos mais desacreditados, sendo uma das causas principais da crescente abstenção eleitoral.

• NÃO HÁ ALTERNATIVAS À POLÍTICA CAPITALISTA.

Pretende-se fazer crer que o capitalismo, embora não sendo perfeito, é o único regime politico/econômico possível e portanto o mais adequado.

O objetivo é impedir que outros sistemas sejam conhecidos e comparados, usando todos os meios, incluindo a força, para afastar a competição.

Na realidade existem outros sistemas político econômicos, sendo o mais conhecido o socialismo cientifico. Mesmo dentro do capitalismo há modalidades que vão desde o atual neo-liberalismo aos reformistas do “socialismo democrático” ou social-democrata.

Este mito faz parte da tentativa de intimidação dos povos de impedir a discussão de alternativas ao capitalismo, a que se convencionou chamar o pensamento único.

• A AUSTERIDADE GERA RIQUEZA

Pretende-se fazer crer que a culpa das crises econômicas é originada pelo excesso de regalias dos trabalhadores. Se estas forem retiradas, o Estado poupa e o país enriquece.

O objetivo é fundamentalmente transferir para o setor publico, para o povo em geral e para os trabalhadores a responsabilidade do pagamento das dividas dos capitalistas. Fazer o povo aceitar a pilhagem dos seus bens na crença de que dias melhores virão mais tarde. Destina-se também a facilitar a privatização dos bens públicos, “emagrecendo” o Estado, logo “poupando”, sem referir que esses setores eram os mais rentáveis do Estado, cujos lucros futuros se perdem desta forma.

Na verdade, constata-se que estas políticas conduzem, ano após ano, a uma empobrecimento das receitas do Estado e a uma diminuição das regalias, direitos e do nível de vida dos povos, que antes estavam assegurados por elas.

• MENOS ESTADO, MELHOR ESTADO.

Pretende-se fazer crer que o setor privado administra melhor o Estado que o setor público.

O objetivo dos capitalistas é, “dourar a pílula” para facilitar a apropriação do patrimônio, das funções e dos bens rentáveis dos estados. É complementar do anterior.

Na verdade o que acontece em geral é o contrário: os serviços públicos privatizados não só se tornam piores, como as tributações e as prestações são agravadas. O balanço dos resultados dos serviços prestados após passarem a privados é quase sempre pior que o anterior. Na ótica capitalista a prestação de serviços públicos não passa de mera oportunidade de negócio. Neste mito é um dos mais “ideológicos” do capitalismo neoliberal. Nele está subjacente a filosofia de que quem deve governar são os privados e o Estado apenas dá apoio. Privatização gera lucro para os empresários e banqueiros e quem paga a conta e o trabalhador

• A ATUAL CRISE É PASSAGEIRA E SERÁ RESOLVIDA PARA O BEM DOS POVOS.

Pretende-se fazer crer que a atual crise econômico-financeira é mais uma crise cíclica habitual do capitalismo e não uma crise sistêmica ou final.

O objetivo dos capitalistas, com destaque para os financeiros, é continuarem a pilhagem dos Estados e a exploração dos povos enquanto puderem. Tem servido ainda para alguns políticos se manterem no poder, alimentando a esperança junto dos povos de que melhores dias virão se continuarem a votar neles.

Na verdade, tal como previu Marx, do que se trata é da crise final do sistema capitalista, com o crescente aumento da contradição entre o caráter social da produção e o lucro privado até se tornar insolúvel.

Alguns, entre os quais os “socialistas” e sociais-democratas, que afirmam poder manter o capitalismo, embora de forma mitigada, afirmam que a crise deriva apenas de erros dos políticos, da ganância dos banqueiros e especuladores ou da falta de ideias dos dirigentes ou mecanismos que ainda falta resolver. No entanto, aquilo a que assistimos é ao agravamento permanente do nível de vida dos povos sem que esteja à vista qualquer esperança de melhoria. Dentro do sistema capitalista já nada mais há a esperar de bom.

Nota final:

O capitalismo há-de acabar, mas só por si tal decorrerá muito lentamente e com imensos sacrifícios dos povos. Terá que ser empurrado. Devem ser combatidas as ilusões, quer daqueles que julgam o capitalismo reformável, quer daqueles que acham que quanto pior melhor, para o capitalismo cairá de podre, O capitalismo tudo fará para vender cara a derrota. Por isso quanto mais rápido os povos se libertarem desse sistema injusto e cruel mais sacrifícios inúteis se poderão evitar.

Hoje, mais do que nunca, é necessário criar barreiras ao assalto final da barbárie capitalista, e inverter a situação, quer apresentando claramente outra solução politicas, quer combatendo o obscurantismo pelo esclarecimento quer mobilizando e organizando os povos.

(*) Os mitos criados pelas religiões cristãs têm muito peso no pensamento único capitalista e são avidamente apropriados por ele para facilitar a aceitação do sistema pelos mais crédulos. Exemplos: “A pobreza é uma situação passageira da vida terrena”. “Sempre houve ricos e pobres”. “O rico será castigado no juízo final”. “Deve-se aguentar o sofrimento sem revolta para mais tarde ser recompensado.”

Fonte:http://www.odiario.info/

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O NOVO E BÍBLICO MOISÉS


O novo e bíblico Moisés

Publicado em 4 de janeiro de 2012 por John Cutrim

Blog do JM Cunha Santos



Por essa ninguém esperava: o demônio tentou Sarney! O senador, no melhor estilo Mãe Diná & Bita do Barão, andou ouvindo vozes do além que o desaconselharam a se libertar do espírito incendiário do Nero Romano e, assim, evitaram que no Maranhão se consumasse a maior e mais perigosa fogueira do Brasil, a que queimaria a história do próprio Sarney.





Imaginem só o que viria junto com as fagulhas que se espalhariam por todo o Maranhão. Cruz credo! Pelo tom da conversa foi o próprio Deus quem conversou com o Faraó de Curupu, o que insinua que, não lhe bastando o poder imensurável aqui na terra, o homem conseguiu estender o tráfico de influência até os degraus do paraíso.



“Perdoai os seus inimigos”, disse a voz a quem não consegue perdoar nem os amigos, consciente de que a estatização não consta como pecado entre os 10 Mandamentos da lei de Deus. Mas o novo Moisés, único no planeta a quem foi dado manter contato com o Ser superior, saindo direto da clarividência para a vidência, parece inconsciente que tem outros pecados além de se apoderar de Conventos.



Se eleito agora por multidões de videntes, profetas, magos e bruxos, o bruxo da política nacional torna-se imbatível entre o comum dos mortais. Imbuído, extra-oficialmente, do poder da cura, do dom da profecia, de falar e interpretar línguas estranhas e, principalmente, de fazer milagres quem o impedirá de vencer, com macaxeiras ou mandiocas estragadas, as eleições de 2012 em São Luís?



A oposição maranhense realmente não tem sorte. Quando tudo parece se encaminhar para uma expressiva derrota do protomago do poder, ele é atacado de sonhos premonitórios e se torna capaz de pré-cognições. Guardem suas armas, senhores. É até pecado enfrentar um homem que tem o dom de falar diretamente com Deus.



Para a CNTE, em 2012, o PSPN vale R$ 1.937,26

FAÇA AS SUAS REFLEXÕES.

Fonte: CNTE.

Para a CNTE, em 2012, o PSPN vale R$ 1.937,26

Fundeb é reajustado em 21,24% e cálculo do MEC prevê atualização do Piso em 22,22%

Em 29 de dezembro de 2011, o Ministério da Educação publicou a Portaria Interministerial nº 1.809 fixando o valor per capita de referência do Fundeb (anos iniciais do ensino fundamental urbano) em R$ 2.096,68 para o ano de 2012. Em comparação com o último valor vigente (R$ 1.729,28, anunciado pela Portaria nº 1.721, de 7/11/11), o reajuste do Fundeb equivale a 21,24%.

Vale registrar que a Portaria 1.809 determina um valor mínimo para o Fundeb acima do estimado em setembro de 2011, quando o projeto de lei orçamentária da União previu o crescimento em apenas 16,6%. Outra discrepância entre o projeto de orçamento e a referida Portaria diz respeito aos estados que receberão a complementação do Governo Federal. À época foi informado que Piauí e Rio Grande do Norte dariam lugar a Minas Gerais e Paraná, coisa que não ocorreu, ao menos nesse início de ano.

Com relação à atualização do piso salarial profissional nacional do magistério (PSPN), a CNTE lembra que a mobilização da categoria contra a rejeição do substitutivo do Senado ao PL 3.776/08, em âmbito da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, fez com que o preceito do art. 5º da Lei 11.738 continuasse a viger nos seguintes termos:

Art. 5o - O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009.

Parágrafo único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007.

Com base nesta clara orientação legal, desde 2009 a CNTE tem corrigido, anualmente, o PSPN, de modo que, em 2012, a quantia equivale a R$ 1.937,26. Corrobora essa interpretação da norma do piso – contestada pela Advocacia Geral da União – o fato de o art. 15 da Lei 11.494 (abaixo, in verbis) estabelecer caráter prospectivo para o custo aluno – sistemática que também se aplica ao PSPN.

Art. 15. O Poder Executivo federal publicará, até 31 de dezembro de cada exercício, para vigência no exercício subseqüente (grifo nosso):

I - a estimativa da receita total dos Fundos;

II - a estimativa do valor da complementação da União;

III - a estimativa dos valores anuais por aluno no âmbito do Distrito Federal e de cada Estado;

IV - o valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente.

Ademais, os recursos do Fundeb, para o ano que se segue, constituem a própria garantia de cumprimento do piso, uma vez que 60% do total do Fundo (no mínimo) e mais as outras fontes vinculadas à educação garantem, proporcionalmente, as receitas necessárias ao pagamento do magistério e dos demais profissionais – à luz do valor mínimo nacional, que poderá ser complementado pelo Governo Federal em caso de insuficiência nos orçamentos locais. Esse mecanismo expressa a garantia do padrão de investimento nacional, quiçá ainda maior com o compromisso de implementação do Custo Aluno Qualidade no novo Plano Nacional de Educação.



No entanto, a interpretação da AGU/MEC acerca do reajuste do piso, que considera o crescimento do valor mínimo do Fundeb dos dois últimos anos, ao contrário de períodos anteriores, projeta para 2012 um reajuste acima do valor mínimo do Fundeb (22,22%). Assim, a economia feita em exercícios passados, quando as atualizações ficaram abaixo do determinado em Lei, deverá ser compensada em parte no presente ano, passando o valor de R$ 1.187,00 para R$ 1.450,75 (equivalente à diferença das quantias publicadas nas portarias interministeriais nº 538-A, de 26/4/2010 e nº 1.721, de 7/11/11).

Neste momento, a luta da CNTE e de seus sindicatos filiados concentra-se em duas frentes:

1) garantir o cumprimento imediato e integral da Lei do Piso, ainda que necessário seja ingressar na justiça para obter o valor correto (defendido pela CNTE) e sua vinculação aos planos de carreira da categoria; e 2) garantir o anúncio do reajuste do piso para 2012, o que ainda não ocorreu, embora o Fundeb já tenha sido oficialmente divulgado.

Lembramos que o calendário de mobilização dos trabalhadores em educação já conta com GREVE NACIONAL na primeira quinzena de março de 2012 em defesa do Piso, da Carreira e do PNE que o Brasil quer, e esperamos contar com apoio de toda sociedade nessa luta legítima por valorização profissional de nossa categoria e, consequentemente, por uma educação pública de melhor qualidade.



DIRETORES DO SINPROESEMMA RENUNCIAM.


A DIREÇÃO DO SINPROESEMMA.

Caros Colegas sindicalistas,

Vislumbrando manter intactas as nossas condutas e índoles, contraditória ao movimento sindical que hoje se prática no Sinproesemma. Estamos solicitando nosso desligamento e renuncia oficialmente da direção desta entidade de classe. Certo de que essa decisão sela o bel-prazer de “alguns” e com certa receptividade a domo do comando partidário majoritário da direção.

Expomos que essa decisão, nada tem haver com renuncias “de outros” anteriores, que são de cunho político e de contrariedade nos seus interesses pessoais e privado. Sem hipocrisia, não é uma renúncia forçada, mas espontânea, ética e cívica. Sem nenhuma interferência de veias partidárias e ou interesses pessoais, é sim, de caracteres ideológicos intimamente individuais. És a razão de nossas atitudes.

Após, algumas análise e reflexão de ações e comportamento da direção desta Entidade com as nossas atuações, nossas posturas independentes e muitas das vezes contrárias ao interesse da cúpula, não havia mais tempo a perder.

Saímos da composição desta direção, mas continuaremos associados e contribuindo com os movimentos sociais com as nossas modestas idéias e experiências de lutas ao conjunto da categoria.

Expomos aqui, que a desordem arraigada, como um círculo vicioso do comando, que se circunda em torno da direção, inquietando e parando a administração, com reflexos desfavoráveis em todos os setores das atividades sindicais no Sinproesemma. Foram as impressões negativas, que aprendemos a não fazer dentro de entidades coletivas.

É nestas condições que lhes apresentamos a formulação das nossas renúncias da direção sindical do Sinproesemma, pois, queremos continuar a criticar e sugerir livremente sem alcunhas pejorativas, e sem as armar dos espíritos convencidos.

Além de proporcionar-lhes um modo justo e honroso desta direção, sair da posição indisposta no trato conosco, já que nunca foram respeitáveis nas relações pessoais, sindicais e partidárias, com raras exceções.

Saímos sem mágoas e sem hostilidades, porém tristes por deixarmos parte de nossas experiências sem às devidas concretizações. Solidarizamo-nos com os demais, que mesmos não concordando com as práticas interna da direção optam por querer continuar. E respeitamos seus interesses e limites.

Cremos que não lhe vale a pena exercermos as funções de: (Assuntos Jurídicos) e (1ª Secretaria) apenas teórica, já que na prática são exercidas e suas ações são tomadas pela cúpula da direção de acordo com seus interesses.

Consideramos cumprido até aqui para com a categoria o nosso dever nesta conjuntura sindical. As nossas obrigações nos cargos sindicais e com essa direção teve limite para vir ocupá-los. Tínhamos nossa lealdade sindical junto aos associados, no entanto à direção do Sinproesemma, um escudo a desafiar suspeitas. Não participarmos, nem participaremos de nenhuma conspiração que pretendam de um modo ou de outro, arrebatar-lhe o poder.

Fiquem certos, das nossas partes não faremos críticas nefastas, nem irresponsáveis contra a direção ou membros individualmente, para ganharmos famas de heróis, ou dividendos políticos. Porém, nossa responsabilidade com a categoria é com a verdade. Nesta direção, cada um tem a sua responsabilidade individual para responde pelos seus atos. Estaremos cobrando.

Posto isso, em termos irrevogáveis, renunciamos. Ficando claro também que nos desobrigamos de continuarmos a defender a gestão do modo como está. Porém, conte conosco na defesa nas pautas e nas ações que privilegie os direitos dos trabalhadores (as) da educação.

Saudações Sindicais.

São Luís, (MA) 04 de Janeiro de 2012.

Josivaldo Corrêa e Aneri Tavares.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

RESTRIÇÕES ELEITORAIS JÁ ESTÃO VALENDO .

RESTRIÇÕES ELEITORAIS JÁ ESTÃO VALENDO . G1: Brasília .

O primeiro dia de 2012 marcou o início do calendário eleitoral no ano em que os brasileiros vão às urnas para eleger prefeitos e vereadores. Candidatos à reeleição e políticos que já ocupam cargos eletivos devem ficar atentos às regras para publicidade institucional a partir deste domingo.


A propaganda institucional é liberada até o dia 7 de julho, mas não é permitido exceder a média do que foi gasto nos três anos que antecederam as eleições. De acordo com o calendário eleitoral, a partir deste domingo (1º) está proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios aos cidadãos.

A lei abre exceção para casos de calamidade pública ou emergência e de programas sociais em andamento, autorizados por lei e que tenham aparecido no orçamento do ano anterior.Outra proibição é para a continuidade de programas sociais oferecidos por entidades vinculadas a um eventual candidato nas eleições de 2012.

Pesquisas Eleitorais

Desde ontem passaram a valer a obrigatoriedade de registro na Justiça Eleitoral de pesquisa de intenção de voto para as eleições municipais deste ano. A lei determina que a pesquisa deve ser registrada pelo menos cinco dias antes da divulgação.

Nas eleições 2012, a Justiça Eleitoral vai inaugurar um sistema de acompanhamento dos registros de pesquisas pelos sites dos tribunais regionais de todo o Brasil.Poderão ser consultadas informações como quem contratou a pesquisa, valor e origem dos recursos empregados no trabalho, nome de quem pagou, metodologia, período de realização da pesquisa e margem de erro.
FIQUE ATENTO....

domingo, 4 de dezembro de 2011

O movimento Primavera Maranhense manda recado para Luis Fernando, Gil Cutrim e demais serviçais dos sarneys.

DOMINGO, 4 DE DEZEMBRO DE 2011 – ARRIBA _MAR
O movimento Primavera Maranhense manda recado para Luis Fernando, Gil Cutrim e demais serviçais dos sarneys.


DOMINGO, 4 DE DEZEMBRO DE 2011 – ARRIBA _MAR

Publicado em 29 de novembro de 2011 por John Cutrim

O primeiro ato do movimento denominado ‘Primavera Maranhense’ ficará para a história do Maranhão. Num vibrante e emocionante protesto, estudantes, jovens, líderes sindicais e membros de movimentos sociais realizaram, na tarde desta terça-feira (29), um grande ato na Assembleia Legislativa pedindo a saída de Roseana Sarney do comando do governo do Estado.



Depois de se concentraram na entrada da Assembleia, por volta das 16h uma multidão de pessoas seguiram em caminhada proferindo gritos de ordem como “Ôh Roseana pode tremer, os maranhenses vão desempregar você”, “Sarney, ladrão, devolve o Maranhão” e subiram a rampa até chegarem na frente das dependências da Casa. Lá, foram recebidos com muita festa por policiais e bombeiros em greve que abriram um corredor para recebê-los.



De caras pintadas, vestindo camisas e empunhando faixas, cartazes e bandeiras onde se lia explicitamente “Fora Roseana”, juventude e militares entoaram palavras de ordem contra o domínio da família Sarney no Maranhão e pediram o impeachment de Roseana Sarney. Na oportunidade foi lido um manifesto ao povo do Maranhão e cantado o hino nacional

.
Com discursos inflamados, todos foram unânimes em exigir a renúncia da governadora do cargo, em razão da administração caótica e inoperante da filha do senador José Sarney. “Roseana que comece a fazer seu currículo porque nós vamos demitir ela do governo”, afirmou um manifestante. “Por estar vendo policiais de mais aqui nem sei pra quem eu peço para que faça a prisão de Roseana”, asseverou outro, mais exaltado. Uma militante de esquerda disse que com o surgimento da ‘Primavera Maranhense’ era hora de mandar a família Sarney para a “p… que p….”. Ao final, num clima de muita união todos se confraternizaram.

MANIFESTO DA SOCIEDADE CIVIL MARANHENSE PELO IMPEACHMENT DE ROSEANA SARNEY MURAD

As entidades abaixo-assinadas têm por objetivo pedir o impeachment de Roseana Sarney Murad. O Maranhão está completamente desgovernado. São sucessivas greves, onde os trabalhadores do nosso estado têm se mostrado insatisfeitos com o poder que comanda e oprime o nosso povo.

O atual movimento dos Policiais Militares, Bombeiros e Polícia Civil nos parece a gota d`água. A solução apresentada pela governadora (se é que podemos chamá-la assim) é criminalizar os grevistas. Diariamente os seus veículos de comunicação (Sistema Mirante) agem no intuito de tentar colocar a população contra a greve, tentando esconder a total responsabilidade do governo pelo impasse.

Estamos diante de um clima de caos, causado única e exclusivamente pelo descaso criminoso do poder público estadual do Maranhão. A governadora Roseana Sarney Murad tem demonstrado que seu governo não está comprometido em cuidar das pessoas como diz a sua propaganda enganosa.

A saúde não existe e é marcada pela imensa e deslavada corrupção de seu cunhado, Ricardo Murad.
Na educação, enquanto a sociedade clama pelos investimentos em 10% do PIB, ela estatiza ilegalmente a fundação de seu pai, tentando manter o Convento das Mercês como museu de sua família.

Na área da cultura ela vai torrar milhões bancando uma escola de samba do Rio de Janeiro, sem qualquer justificativa.
Some-se ao crescimento da miséria, a violência no campo, ao avanço do latifúndio, ao profundo desrespeito aos diretos humanos e temos uma mostra do que é o Maranhão sob o desgoverno de Roseana. Estamos viajando num trem descarrilhado!

Por isso, solicitamos a Assembléia Legislativa do Estado o Impeachment da Governadora Roseana Sarney Murad.
Porém, se esta mesma Assembléia continuar de costas para a sociedade, nós esperamos que as instituições federais tomem uma providência urgente.
A coisa já passou do limite!

ANEL
CES
CSP CONLUTAS
JUVENTUDE PDT
JUVENTUDE PSB
MEI
NAJUP NEGRO COSME
OS LIRIOS NÃO NASCEM DA LEI
TRIBUNAL POPULAR DO JUDICIÁRIO
UBES
UJS
UNE
UNIÃO ESTUDANTIL PINHEIRENSE
VALE PROTESTAR


CAFÉ LITERÁRIO COM HERBERT DE JESUS SANTOS

CAFÉ LITERÁRIO COM HERBERT DE JESUS SANTOS




Acometido de uma fadiga do mau estar, ressacando-me de uma doença não curada, provindo do leito das mídia imperialista e anticapitalista. Fui a feira do Livro, mas pensando no mercantilismo da venda de livros e editoras. Enganei-me. E comprei Livros, sim, enfim? Após a missão de educador, levei meus alunos EJA Noturno a 5ª Feira do Livro. Debrucei-me sobre o livreto do programa e das inúmeras programações que participei, Dei de cara com Herbert Santos, no Café literário : Movimentos literários em São Luís no Século XX e planos editoriais – Com Herbert santos. Foi neste 03 de dezembro/2011, (sábado).




Herbert é liceísta, comunista e poeta como eu, que sou um simples palavrador de Ribamar, com mais de 30 anos de poesias escondidas, sabedor de que esta semente será regada no e ao seu tempo. A poesia e conto sempre me deram prazer. Porém escutar Herbert foi prazeroso e fortificante, suas palavras ecoaram nas minhas veias literárias e no ocultismo das minhas poesias e contos. “ O poente está a sua frente- pegue-o”



Herbert de Jesus Santos é um dos maiores defensores das tradições da cultura e inteligência maranhenses. Seu espírito de luta e poesias vem da adolescência, no clube de jovens da Madre Deus (onde nasceu), no maior movimento sociocultural de São Luís, com benefício àquele bairro,sem precedência e sucessão, no auge da ditadura militar, até a remoção dos praianos para o Anjo da Guarda, com o surgimento da Barragem do Bacanga:na casa de seus padrinhos, na rua do Apicum, sem esquecer suas raízes; nas leituras do liceu;e nos debates na sua turma de comunicação Social da UFMA (jornalismo,Relações Públicas e Desenho). Jornalista profissional e escritor (poeta, cronista, novelista e contista), é colunista do JP Turismo (suplemento do Jornal Pequeno) e membro do instituto Histórico e geográfico do maranhão (IHGM).

Obras publicadas: Uma canção para a Madre de Deus (poesia), os premiadosem concursos literário Um Dedo de Prosa e Bazar São Luís (crônicas)e quase todas da pá virada (contos), Inéditas: assim está escrito (cartilha ortográfica), Antes que Derrame a lua Cheia (crônicas), Serventia e os Outros da patota (contos), A segunda Chance de Eurides (Novela), A Terceira Via (novela), Hábitos de Luz (poesia), Peru na Missa do Galo (contos de Natal),e muitas outras ...




Professor Josivaldo recendo das mãos do autor a obra “São Luís em PreAmar: Ainda Assim, há um Azul!”


Veja por outros : blog Carlo Alberto LIMA COELHO.

Herbert de Jesus Santos publica
Apelo do poeta Herbert de Jesus Santos

31 de julho de 2011 às 10:59
(Às almas de boa cepa da sua terra)
Havia um ditado muito corrente, no meado da década de 1970, em São Luís, dando como favas contadas que “O pior inimigo de um maranhense é outro maranhense”! Começando a escrever, na Imprensa, logo me apressei a atenuar a bordoada do dito cujo, com “O pior inimigo de um maranhense (bem bom) é outro maranhense (bem mau)”!, e justifiquei minha intervenção com o testemunho presencial de que o perverso tinha um extenso repertório: ruim, ordinário, nocivo, funesto, contrário à virtude, à razão e à justiça, inábil, incapaz; era malíssimo ou péssimo, no superlativo, piorando em que “Aves da mesma plumagem sempre voam juntas”.

Era malhar em ferro frio, ou uma cacetada no cravo, outro na ferradura, pois só não eram mato, na seara da cultura (alma) maranhense, exemplos de nativismo e colaboração mútua para uma boa causa. Na outra ponta, era mais fácil a solidariedade aos forasteiros e nas ações dos coiteiros para as bandalheiras, falando o português claro, contra o bem-comum. Claro que sempre acolhemos indivíduos que chegaram para melhorar, inclusive, a boa-vizinhança e discernimento da nossa terra, e, em cima da bucha, eu iniciava a lista com o poeta e cronista José Chagas, paraibano de boa cepa, que, de, de tanto ser chamado e chamar os outros de Figura, em São Luís, ficou muito mais Chagas que José, e um dos consolidadores do termo maranhensidade, entre nós. Há muitos outros brasileiros que vieram para fortalecer o nosso humanismo, no magistério e no jornalismo, etc., e os que chegaram sob encomenda para desmantelar de vez o gerenciamento público, colocando nosso berço extremado à zombaria do Brasil na pecha de mais pobre, analfabeto, doente e atrasado da Federação, com perseguição das autoridades aos contestadores do modelo fajuto, vingativo, traiçoeiro e falido.

A praga continua mais viva do que nunca. Porque, por questão de honra e princípio, não participo de igrejinha, o bicho pegou para o meu lado, quando precisei viabilizar passagens aéreas e manutenção de uma filha minha em São Paulo, para ela receber a Premiação de Campeã do Concurso Nacional de Monografia de Relações Púbicas (promovido pela Universidade de São Paulo-USP), e ela concorreu com sua monografia de graduação do Curso de Comunicação Social da Ufma. Um meu amigo secretário de Estado falou com seu colega, e nada! Pasmem que este foi o mesmo que abriu a burra, logo depois, para 60 bilhetes aéreos ao Canadá para um grupo manjado, que não é sequer original e folclórico, além de empanturrar-se na gulodice insaciável com o que deveria servir melhor ao povo. Se não fossem a Ufma e meus colegas de serviço público (eu me achava, então, na Secretaria da Justiça (Sejus), que se cotizaram com uma certa quantia), a minha filha não representaria a Cultura e a Inteligência Maranhense, na maior Universidade do Brasil, após ser vitoriosa num certame intelectual. Agora, estou precisando voar para Brasília (DF), onde, no dia 10 de agosto, lançarei seis livros meus (de prosa e poesia) mais recentes, na Livraria Cultura, e estou com dificuldade em adquirir passagens, para, de alguma forma, representar a nossa literatura. Além de bater com a cara na porta, ouvindo não, uns amigos, que eram da onça, nunca mais retornaram a dar o ar da sua graça sobre a minha solicitação para eles. Tenho dinheiro de trabalhos efetuados para receber, até de órgão, passado mais de ano, apesar da minha insistência, sob a alegação de falta de repasse, mesmo em se sabendo que é uma cultura (idiota e nociva) pôr a arte literária no rabo da fila da cultura, em troca do “pão e circo” e da arena dos gladiadores contra irracionais. Só seremos maiores e respeitados com a cultura (literária) em primeiro plano, quanto no Primeiro-Mundo. O resto é só conversa pra boi dormir, quando não, pôr o carro na frente dos bois.

Quem estiver em condição de ajudar a literatura nativa, estou com o coração receptivo e apreensivo, para não frustrar a expectativa de conterrâneos radicados, entre amigos, parentes, jornalistas e escritores, e os poetas e prosadores, meios de comunicação e entidades artísticas brasilienses já convidados para prestigiarem a minha noite de autógrafos. Receberei de bom grado a moção de apoio. Até para não deixar correr o ferrão de “O pior inimigo de um maranhense (bem bom) é outro maranhense (bem mau)!”

Alfarrábios de um escritor inspirado na cultura do povo

Manoel Santos Neto – Jornal Pequeno.

Herbert de Jesus Santos não é mais aquele menino pobre, criado numa família humilde dos subúrbios de São Luís, que acabou se tornando escritor e chegou a sonhar com a Academia. Hoje, autor de 10 livros publicados, ele é um sessentão, homem maduro, calejado de tantas lides, que agora busca – sempre irrequieto – ser um intérprete cada vez mais fiel dos genuínos valores da cultura e do cotidiano de seu povo.

Encantado pela magia do carnaval e do bumba-meu-boi, entre tantas outras manifestações populares, Herbert Santos já lutou muito, comprou brigas com muita gente, mas hoje admite que está mais quieto. Inspirado em raízes populares muito fortes, ele reafirma consigo mesmo o compromisso de ser um intelectual cada vez mais próximo dos anseios de sua gente.

“Com a graça de Deus, quero continuar na luta. Meu sonho é prosseguir no ofício, buscando escrever cada vez mais, aumentando a minha produção literária que, até hoje, me rendeu algumas perseguições, mas também me premiou com boas e grandes amizades”, afirma o poeta.

Filho de Doralina Esmeralda de Jesus Santos (Dona Dora), operária da Fabril (fábrica de tecelagem) e do pescador Felipe Nery dos Santos, chamado de Filipão, Herbert de Jesus Santos nasceu em São Luís, na Madre Deus, a 7 de agosto de 1950.

Ele gosta de dizer que foi “desasnado” em sua própria comunidade, pela professora normalista, Dona França, que ensinava particular a cartilha de ABC, em sua residência, na escadaria da Rampa Manoel Nina. “Não me apaixonei pela minha primeira mestra, mas, como sempre ficamos próximos, ela sempre sabia dos meus sucessos nos estudos”! – lembrou.
Nesses contatos, Dona França o incentivava muito a prosseguir no ensino, até quando saíram da Madre de Deus, por causa da construção da Barragem do Bacanga, em 1970, quando muitos removidos foram para o Anjo da Guarda e outros, com a pequena indenização do Governo do Estado, compraram casas no Lira e em outros bairros do entorno da sua comunidade original.

“Eu já casado, em 1982, residi no Codozinho, perto de Dona França. Tempos depois, com livros publicados, por meio de prêmios literários, disse que um dia eu a convidaria para a minha posse na Academia Maranhense de Letras, sem saber ali que há outros interesses da AML em jogo. Ela procurava, amiúde, pela Academia, em nossos encontros, até no ano passado (2009) quando eu, morando no Cohafuma, soube do seu falecimento, aos 79 anos, dito por seu filho, o popular Mesquita do Lira”.

Desde pequenino, Herbert encantou-se pelas manifestações da cultura popular maranhense. Começou por ter sua “maternidade” (casa) atrás da Capela original de São Pedro, cuja primeira zeladora foi sua avó paterna, a beata Marcelina Cirila dos Santos – Dona Marcela. Na frente da capela, assistia às apresentações dos bumba-bois, que louvavam o padroeiro dos pescadores, no amanhecer de 29 de junho, no largo, com leilão de prendas e procissões marítima e terrestre.

Sob o ruído das matracas – “Eu guardava numa caixa de papelão miçangas e canutilhos, caídos das roupas dos brincantes e do couro dos mimosos, como se fossem brilhantes. Acho que daí fiquei vidrado nas brincadeiras, em que o Boi (de matraca) da Madre de Deus é especial, até por causa de meus avós maternos no primeiro batalhão, no fim do século 19”.

Aprendeu a gostar bem cedo, igualmente, das escolas de samba, em primeiro lugar da Turma do Quinto, em que brincavam seus tios e primos mais velhos, e Filipão foi diretor de batucada (hoje, bateria). Foi por causa deles, falecidos, que ajudou o seu primo João Batista dos Santos, em 2000, a levantar o prestígio da Turma do Quinto.
“Lutei e lutei pela Turma do Quinto, O Boi e A Festa de São Pedro” – acrescenta Herbert – “que Bulcão e Godão, donos do Bicho Terra e Boizinho Barrica, pretenderam acabar, por já mandarem na Secretaria Estadual da Cultura. Antes, eu já havia, com auxílio do então deputado Expedito Moraes, realizado a primeira restauração da sede da tradicional agremiação carnavalesca, em 1993. Mas não acabaram a Turma do Quinto, como tencionaram”.

Em 1957, Herbert foi morar com seus padrinhos (Francisco Galvão dos Santos, o Chiquito, e Aldenora, Dedé), na Rua do Apicum. Fez uma reciclagem com aulas particulares do professor Edson Garcia, irmão do radialista Edy Garcia, antes de estudar o primário na Escola Modelo Benedito Leite e passar no exame de admissão ao Liceu Maranhense (muito concorrido), em 1962, onde concluiu o Científico em 1968.

Neste ínterim, aos 17 anos, forjou com aço sua personalidade coletivista, no Clube de Jovens da Madre de Deus, com atividades solidárias e de conscientização comunitária, qual a de alfabetizar adolescentes e adultos pelo Método Paulo Freire.

“Era o auge da ditadura militar, quando soubemos da prisão, pelo Exército, de muitos maranhenses contra o golpe na democracia, entre os quais os médicos e idealistas Maria Aragão e William Moreira Lima, tempo e espaço, aliás, em que ambientei a minha novela A Segunda Chance de Eurides” – assinalou.

Idealismo da juventude – O Clube de Jovens da Madre de Deus ajudou os moradores (praianos) até nos contatos com as autoridades governamentais para a remoção ao Anjo da Guarda. “Dentre os clubistas, havia o idealismo dos noivos, hoje, médicos e casados, Raimundo Teodoro de Carvalho (Raimundinho) e Lúcia Bulcão da Silva, sua irmã Maria Cecília Bulcão da Silva (Zoca), Gracinha Ferreira Silva, Raimundo João Silva, eu e a minha namorada, Léia Sousa Pimenta, então professora e acadêmica de Economia da UFMA!” – recordou.

Acompanhou sua mãe e irmãos ao Anjo da Guarda, em março de 1970, sem deixar os laços com a Rua do Apicum, onde o velho Erasmo Dias, jornalista e escritor de mão-cheia, exercia influência em moços, jornalistas e poetas, sobretudo. “Há muito dessa época, no Peru na Missa do Galo (Contos de Natal), que conseguiu publicar em dezembro de 2009” – assinalou.

O livro Peru na Missa do Galo reúne 11 contos com a temática da Data Magna da Cristandade, contemplando a cultura natalina como ela é feita, aqui, em termos de canto e dança de pastoral e reisado, culinária, congraçamento das pessoas, esperança de dias mais bonançosos para a coletividade. “Neste ponto, evidencia-se muito a experiência de um ludovicense da gema, em textos construídos em alicerces da maranhensidade genuína, no nosso ser e estar no universo, com romances, xodós e reencontros de amantes, entre episódios hilários e sisudos”, ressaltou.

“É tudo ficção, com personagens tiradas do nosso chão, aproveitamento da nossa paisagem e de personalidades minhas conhecidas, literárias e comunitárias”, explicou. Revelou que este título só não foi publicado há muito tempo, pois, submetido ao Concurso Literário Cidade de São Luís da Func, o júri o desclassificou, com o argumento de um tal, escrito no meu original, de que o Cartório de Eloy Coelho Neto era só de títulos, e eu coloquei a Zona do Baixo Meretrício para tirar a certidão de nascimento de um Jesus achado por popular numa noite de véspera de Natal.
Enfatizou: “Sendo ficcional, eu poderia usar o cartório ao meu bel-prazer; outro, considerou o livro parecido com coleção de contos russos, talvez por eu falar nos mestres da literatura como Tolstoi; outro, por eu evidenciar passagens sobrenaturais, quanto milagres de Natal, Estrela do Oriente etc. Não leu o conto de Natal de Erasmo Dias (O Ajuntador de Papel), a novela O Banquete (de Ubiratan Teixeira) e aula do poeta José Chagas sobre o tema, no opúsculo Versos de Natal.
Peru na Missa do Galo, com 148 páginas, traz a marca editorial da Lithograf, ilustrações de Wilson Caju, também incursiona no tempo da adolescência do autor, estudante do Liceu, ativista do Clube de Jovens da Madre de Deus, na ditadura militar, sua estada na Rua do Apicum, ida para o Anjo da Guarda, festeiro na Liberdade, Monte Castelo, Lira, Camboa etc.

Os tempos do Sioge e as jornadas nas Redações

Em 1972, Herbert de Jesus Santos tornou-se evasor do Curso de Direito da UFMA, onde fora aprovado em 1971. Em dezembro de 1975, empregou-se no Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge), através de pedido do poeta José Chagas ao diretor do órgão, escritor Jomar Moraes. No setor de Revisão do Sioge, ampliou seus conhecimentos gerais e criou uma fama profissional entre os literatos editados pela Casa. Em 1976, em novo vestibular, ingressou no Curso de Comunicação (Jornalismo) da UFMA, onde se formou em 1980. Em 1976, casou com a professora ribamarense Marilda Alice Cardoso, com quem teve três filhas (Amarílis, Alessandra e Amanda), sempre em São Luís.Viúvo, sua atual companheira é a pedagoga ribamarense Maria Gorete Protázio, com quem tem uma filha (Mariana).

Iniciou sua carreira de jornalista profissional em O Imparcial; depois, O Estado do Maranhão, O Debate, Jornal de Hoje e no Diário do Norte indo de revisor, repórter, secretário de Redação a chefe de Reportagem e editor-geral. Atualmente, é colunista do JP Turismo, suplemento do Jornal Pequeno, sendo, desde 1995, titular da coluna “Sotaque da Ilha”, e colaborador no jornal Extra. Em 1992 ingressou no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM). Sua estreia literária se deu com uma Canção Para a Madre de Deus (poesia, em 1984); daí são mais nove títulos, alguns prêmios em concursos literários e jornalísticos: Um Dedo de Prosa (crônicas); Bazar São Luís: Artigos Para Presente e Futuro (crônicas); Quase Todos da Pá Virada (contos); São Luís em PreAmar: Ainda Assim, há um Azul! (poesia); A Segunda Chance de Eurides (novela); Serventia e os Outros da Patota (contos); Ofício de São Luís: Bernardo Coelho de Almeida (Coração em Verso e Prosa); Peru na Missa do Galo (contos de Natal); e Antes que Derramem a Lua Cheia (crônicas). Tem seis livros inéditos e outros em andamento, em todos os gêneros, com exceção de teatro.
No seu entendimento, com a extinção do Sioge, a cultura literária maranhense sofreu um duro golpe, no surgimento de novos valores e consolidação dos celebrizados. “Era, sem dúvida alguma, o ponto da cultura maranhense mais respeitado pela intelectualidade brasileira, com seu jornal literário Vagalume (editado pelo escritor Alberico Carneiro), campeão diversas vezes, nacionalmente, dentre seus congêneres; concursos literários e publicações constantes; coral e teatro de servidores. Foi realmente uma grande perda para o Maranhão o fim do Sioge!” – assegurou. Quando recorda dos tempos do Sioge – com uma ponta de tristeza e nostalgia –, Herbert gosta de exaltar três figuras emblemáticas: os gráficos Roberto Nascimento ( saudoso), Newton Luís de Jesus e Mário Amorim, ambos ainda vivos, tipógrafos de grande experiência profissional, que deixaram suas marcas na história do velho Sioge. Herbert acrescenta aqui o nome do escritor Jomar Moraes, grande editor de livros, com quem ele reconhece que muito aprendeu.

“Não é para todos o privilégio de publicar livros, aqui, onde a literatura foi mais prestigiada, quando havia, pelo menos, oito concursos literários, até na década retrasada, estimulando o surgimento de novos talentos e consolidação de nomes consagrados”, assinalou.

“Estou falando, também, como revisor literário no áureo tempo do Sioge, que foi o ponto de nossa inteligência e cultura mais respeitado pela intelectualidade brasileira, por causa de seu jornal (suplemento), inserto no Diário Oficial, seus concursos literários, coral e teatro de servidores etc.”, acrescentou. Revelou: “ Por defender o Siorge, em jornais, sofri perseguição no serviço público estadual, até hoje, a um passo de aposentadoria”

Ideário de um sessentão que sonhou chegar à Academia

Em agosto de 2010, o jornalista e escritor Herbert de Jesus Santos lançou, em noite de autógrafos muito concorrida, seu terceiro livro de crônicas, Antes que Derramem a Lua Cheia, e o décimo da sua carreira, em que já se inclui uma bibliografia de dez títulos, dentre prosa e poesia, além de prêmios jornalísticos e literários.

O sarau das letras maranhenses aconteceu na frente do Bar e Restaurante Skina, do Hotel Central, na aprazível Praça Benedito Leite, prestigiado por jornalistas, gráficos, escritores, familiares e amigos do autor que, na ocasião, falou da necessidade de uma política mais abrangente para a literatura, como a que se deu no tempo do extinto Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge), segundo ele, “o último ponto da cultura e inteligência maranhenses respeitado pela intelectualidade brasileira, até 1993.”


O lançamento de Antes que Derramem a Lua Cheia fez parte das comemorações da passagem do 60º aniversário natalício de Herbert, o poeta da Madre Deus – confessa que gosta de ler as crônicas de Cunha Santos Filho, José Chagas e Ubiratan Teixeira e, até por dever de ofício (como revisor profissional), costuma ler a poesia de Luís Augusto Cassas.

Entre os grandes nomes da literatura do Maranhão, além de Sousândrade, Herbert destaca Gonçalves Dias, Josué Montello, Nauro Machado, Ferreira Gullar e Erasmo Dias. Ele faz questão de salientar também João Mohana, como um dos maiores escritores maranhenses; e entre os escritores nacionais, que também lê (além do romancista Machado de Assis) os cronistas Fernando Sabino e Rubem Braga e os poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Mário Quintana.
Graduado em Comunicação Social, Herbert Santos, o poeta que vive num meio onde a maioria das pessoas mal tem dinheiro para pagar as contas do fim do mês, orgulha-se da vida modesta que leva. Com a sua poesia, seus livros e suas crônicas, não ficou lugar para a dúvida: o escritor da Madre Deus é um artista popular com um faro e uma competência indiscutível para a crítica social. “Sinto-me honrado de poder lutar para construir uma carreira literária e jornalística com toda dignidade possível, procurando fazer tudo com o maior respeito possível, para merecer o respeito dos meus conterrâneos”, assinala ele.

Já por quatro vezes, Herbert Santos lançou-se candidato a uma cadeira na Academia Maranhense de Letras. E por quatro vezes perdeu as eleições. Na última investida, em 2009, quando tentou ocupar a vaga deixada pelo poeta Nascimento Morais Filho, obteve apenas três votos. O vencedor foi o deputado estadual Joaquim Haickel.

“A Academia Maranhense de Letras merece valer a pena. Deve, como instituição, se voltar para a melhoria das condições de vida do nosso povo”, afirma o poeta. Mas, se a Academia negou-lhe uma cadeira, o escritor de Uma Canção Para a Madre de Deus sente-se honrado, quando reconhecido como o grande poeta popular, que também é capaz de transformar idéias e delírios em tema sólido da arte do povoléu, quando compõe sambas enredos para o Carnaval – como tantas vezes já fizera e pretende continuar fazendo.

FONTE: www.guesaerrante.com.br/2010/10/25/Pagina1248.htm